Circos
«Depois do que se passou no Dragão, quem em França, Brasil e Inglaterra não adquiriu os direitos televisivos do campeonato português deve ter concluído que foi decisão acertada. Pode Pedro Proença fazer juras que se empenhará na internacionalização da nossa Liga, só que o interesse que ela desperta é ao nível da comédia e há outros produtos nesse capítulo de muito melhor qualidade. O VAR veio para ajudar a verdade desportiva mas erra catastroficamente como (e só estou a falar destas primeiras quatro jornadas) aconteceu no Casa Pia-Sporting prejudicando os gansos.
Parece que há quem deseje os tempos passados, pois as suspeitas são as do costume, para lá do bailado e saltos para a piscina de pantomineiros que premeia os que querem ludibriar os árbitros. Um dos líderes mais importantes da transição da ditadura para a democracia em Espanha, Adolfo Suárez, tinha um talento inato: tornar normal o que é normal. Aqui no futebol português a normalidade é, como disse Cristiano Ronaldo, um circo. Precisamos de quem acabe com a bizarria, o histrionismo, a chacota e a vergonha. É uma tarefa hercúlea, não sei quem tenha estofo e talento para a concretizar.
Outro circo montado também na Invicta é o desencadeado pelas duras palavras de Rui Moreira. Num dos melhores livros editados este ano por cá, "Montevideu", do espanhol que adora Portugal, Enrique Vila-Matas, diz-se: "Cada segundo está cheio de sinais para nós, mas quase todos nos passam despercebidos". Ora, os sinais que emergem do Dragão desde há algum tempo são de um emblema a desagregar-se, sobretudo com o horizonte de eleições a realizarem-se em 2024. O ambiente está nervoso, de alguma maneira tenso, não só pelas dificuldades financeiras, mas porque se sente que a administração da SAD sofre maior contestação e é o treinador que tem sido o porta-bandeira da alma azul e branca.
Assim sendo, e sabendo como Sérgio Conceição tem feito milagres com poucos recursos e mesmo assim tornando-se o técnico mais titulado da história do FC Porto, tornam-se quase incompreensíveis as palavras de Rui Moreira. Até porque julguei, ao longe, que tanto o presidente da câmara municipal do Porto como o treinador, ambos e juntos, seriam parte da solução e futuro do FC Porto. Adensam-se as nuvens por ali.
PS: Vamos a outro tipo de drama. Na última década, o clube europeu com maior lucro entre entradas e saídas de jogadores foi o Benfica com 764 milhões. Sporting e FC Porto ficaram em quinto e sexto lugar deste ranking com 376 e 352 milhões, respectivamente. Facturaram-se (incluindo aqui também o Sp. Braga) 3810 milhões de euros e a realidade é que os clubes nacionais continuam aristocratas falidos a vender época atrás de época os seus anéis para sobreviverem. É uma gestão corrente sem olhos para o futuro, mais tarde ou mais cedo, caminhando desta forma, bater-se-á no fundo.»
Urgente e inperiosa a descoberta de estofo e talento para a concretização de tamanha e "hercúlea tarefa", mesmo que no meio do circo!...
Voltará Alvalade a ser percursor?!...
A esperança é verde!!!...
Leoninamente,
Até à próxima
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