VISTAS CURTAS
«Afinal não era preciso o Benfica levar a mala para o Funchal, tão fraquinho e anémico saiu este Marítimo; mesmo se jogasse com nove, o Benfica ganhava, porque do outro lado estava uma sombra da equipa que outrora batia o pé aos grandes.
Parece óbvio, pelos resultados desportivos, que na Madeira o futebol já não tem o dinheiro que teve no passado; a nova disciplina financeira do governo regional e o colapso do BANIF terão cerceado as receitas adicionais de que as equipas madeirenses beneficiaram durante anos, no limite das ajudas ilegais, como nestas páginas já tive oportunidade de referir.
O presidente do Marítimo veio sugerir, com assinalável lucidez, que, em lugar de três (cada vez mais) pequenas equipas, a Madeira tivesse uma grande equipa, que fosse competitiva, europeia e se assumisse como porta-estandarte da região.
Este alvitre, como seria inevitável em Portugal, colidiu com a divisão em quintas, tão típica da mentalidade de algum dirigismo desportivo nacional, chegando-se ao ponto de um responsável (de outro clube, claro) afirmar que a ideia era fascista...
O tempo se encarregará de sentenciar o destino, mas não é improvável que todo este conformismo leve a que, no futuro, não haja Madeira na primeira divisão, mas continue a haver três presidentes.
Confesso que não me tinha apercebido da doentia rivalidade entre Olhão e Faro. No último jogo, em Olhão, os adeptos do Olhanense passeavam nas bancadas do estádio um caixão, com a bandeira do Farense, prenunciando a descida deste , enquanto que os apoiantes do Farense retorquiam, numa enorme faixa, "antes num caixão do que ser de Olhão".
O Algarve tem três equipas na 2.ª Liga; o Farense com toda a probabilidade desce (por erro administrativo!), o Portimonense com toda a probabilidade não sobe e o Olhanense seguramente vai continuar a vegetar.
O Algarve tem potencial, estruturas, gente, notoriedade e até um estádio vazio de 30.000 lugares, que justificariam uma equipa de futebol de referência, emblemática da região; ao invés, possui três equipazinhas (sem desprimor) que se consomem em jogos de alecrim e manjerona e nunca passarão da mediania.
Eu sei que são opções difíceis de fazer, que colidem com muitos interesses instalados e com o legítimo clubismo das pessoas, mas será altura de se começar a mudar as mentalidades e perceber que no mundo do futebol do futuro, os pequenos terão cada vez menos lugar.
Como em tudo na vida, se não se evolui, a morte é certa.»
(Carlos Barbosa da Cruz, O Canto do Morais, in Record)
Apreciei esta excelente crónica de CBdC. Admirei a sua coragem para colocar muitas pintas nos diversos "is" que estavam mesmo a implorá-las. Porque sei o quão difícil é ser "politicamente incorrecto" neste desgraçado país...
E senti vaidade!...
Uma restiazinha de vaidade por vir de um sportinguista!...
Leoninamente,
Até à próxima
Infelizmente, o Sr Carlos Barbosa da Cruz, não conhece o Portimonense....
ResponderEliminarAmigo Álamo por essa ordem de ideias também os clubes de Lisboa se deviam juntar para bater o pé na Europa...
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