ÚLTIMAS NOMEAÇÕES PROVAM A FALÊNCIA
«As nomeações realizadas pelo Conselho de Arbitragem da FPF, ainda sob a liderança de Vítor Pereira, para a última jornada da Liga 2015-16, e não apenas para os dois jogos que vão decidir o título de campeão – Nuno Almeida no Benfica-Nacional e Hugo Miguel no Sp. Braga-Sporting – são a prova de que o sector está mergulhado num conjunto de contradições, a minar o funcionamento e a sua própria credibilidade, que está perto do mínimo inferior.
Foi ao longo dos anos, através de um sistema de classificações muito controverso, que o sector da arbitragem nos quis fazer crer da diferença estabelecida entre ‘internacionais’ e ‘não internacionais’. Foi esse mesmo sector que tentou sustentar a ideia segundo a qual os melhores árbitros devem estar reservados para os jogos mais importantes.
Não haverá ninguém de bom-senso que, mesmo considerando e não desprezando o valor de outros jogos decisivos, não releve a superior importância dos dois desafios que determinarão a consagração do campeão nacional.
Para fazer prevalecer a tese (construída pela própria Arbitragem) de que os ‘internacionais’ são melhores do que os ‘não internacionais’, estaremos todos de acordo que os dois jogos decisivos para a atribuição do título deveriam ser dirigidos por árbitros ‘internacionais’. O que fizeram Vítor Pereira e a sua equipa? Nomearam um ‘não internacional’ para o jogo da Luz e um ‘internacional’ para o jogo de Braga. Primeira incongruência. Primeiro erro.
Poder-se-á argumentar que o actual quadro de árbitros internacionais é o espelho da falência do sector. Combina todos os factores indesejáveis: internacionais feitos à pressa, sem experiência para justificar o estatuto, qualidade baixa e lesões que ainda tornam mais evidente essa falta de qualidade.
Não quero dizer com isto que o exercício de nomear é fácil, sobretudo num país e num futebol em que todas as semanas, todos os dias, eu diria todos os minutos e quase todos os segundos, é colocada em causa – pelos dirigentes e pelos seus mandaretes – a integridade das competições e a honorabilidade dos seus actores.
As pressões existem, porque os responsáveis dos clubes – e os seus mandaretes – sabem exactamente quanto pesam as nomeações dos árbitros na ‘resolução’ de cada jogo. É a negação do princípio da competição profissional. A arbitragem deveria ter um papel de regulação, supervisão ou moderação do jogo, o mais invisivelmente possível, e estar mobilizada para fazer cumprir as leis do jogo, à margem de qualquer influência (tutelar) dos clubes. Os clubes, ao invés, estão demasiado ‘colados’ aos árbitros e ao(s) nomeador(es), porque neste caso não funciona, na prática, o princípio da separação de poderes. À arbitragem o que é da arbitragem; aos clubes o que é dos clubes.
Não é assim no futebol (profissional) em Portugal, por ausência de cultura desportiva; por causa das razões que motivaram o Apito Dourado e porque há a convicção de que vale a pena o domínio do sector porque, através dele, conseguem-se mais uns pontos no final do campeonato.
Vítor Pereira fez uma carreira na Arbitragem, como árbitro e como dirigente, é um produto do ‘velho futebol’ e nunca teve disponibilidade mental para se assumir como um reformador. Não se esforçou para corrigir as assimetrias, não foi um combatente das contradições e das monstruosas imperfeições do sector e tentou gerir aquilo que, na verdade, nas condições actuais, é quase impossível de gerir, em condições de equidade e independência.
Vítor Pereira não foi ‘independente’ e foram, afinal, as dependências geradas à sua volta que o levaram a sair pela porta pequena.
Depois de tudo o que se disse das supostas incompatibilidades de uma nomeação de Hugo Miguel para o jogo final do Benfica, em razão do alegado choque de interesses resultante do facto deste árbitro ser representante da marca de equipamentos desportivos que veste o Sporting – algo que a justiça desportiva e o próprio CA já tinham negado, em decisão anterior – os nomeadores acharam sensato colocar Hugo Miguel no jogo em Braga.
Que aberração! Hugo Miguel é colocado numa situação complicadíssima: se erra a favor do Sporting, Vítor Pereira dá razão aqueles que estabeleceram a conotação do árbitro com o clube de Alvalade; se erra contra o Sporting, os sportinguistas vão dizer que as pressões efectuadas pelo Benfica surtiram efeito.
É por isso que, no caso português, o sorteio seria a melhor das más soluções e a requisição de internacionais estrangeiros, prevista regulamentarmente, poderia ajudar a reduzir o ruído.
Vítor Pereira tem uma má despedida (no campeonato). E a nomeação de Bruno Paixão para o Benfica B-Freamunde é apenas a cereja (estragada) em cima do bolo...»
(Rui Santos, Pressão Alta, in Record)
A crónica de Rui Santos é definidora do pântano em que se transformou o futebol português. Está lá tudo, não valerá a pena ir mais longe, nem sequer chamar os bois pelos nomes ou pelas cores: ontem azuis e brancos com apito dourado para disfarçar, hoje da cor que todo o mundo conhece, com apito da mesma cor e sem vergonha ou necessidade de disfarçe. É fartar vilanagem!...
Mas o mais dramático será tentar adivinhar o que aí vem depois do adeus de Vitor Pereira...
"Fica-te mundo cada vez pior"!...
Leoninamente,
Até à próxima
Contudo, no entanto, portanto a já famosa "Liga da Verdade" deste mesmo Rui Santos dá a verdadeira é definitiva cassifição... Benfica CAMPEÃO... (grande congruência, sim senhor...)
ResponderEliminarAfinal porque perdemos tanto tempo a palrar... se tudo, no fim bate certo...
É tão lindo este futebolês em Portugal...
PALHAÇOS é coisa que não falta neste circo...
SAUDAÇÕES LEONINAS