O TEATRO DE PEPE NÃO FAZ FALTA À SELECÇÃO
«Os ingleses têm uma expressão para definir o excesso de representação. Chamam-lhe overacting. Acontece quando o actor emprega demasiada teatralidade numa cena que merecia uma abordagem mais serena e controlada. Como um histérico pranto onde devia cair apenas uma lágrima. Ou um profundo grito de dor apenas por causa de um fio de cabelo que foi arrancado. Pepe sabe o que é o overacting. Ou talvez não saiba. Parece complicado e mesmo assim é fácil.
Talvez Pepe não entenda, não queira saber, ou, pior ainda, não consiga evitar. É um repetente. Um cadastrado de situações vergonhosas. Basta regressar a 2009 para nos lembrarmos de o ver agredir dois jogadores do Getafe. Um com pontapés na cabeça e outro ao soco. Esteve fora durante dez jogos. Uma suspensão leve. Muito leve. Porque a camisola do Real Madrid, felizmente para ele, tem muita força. Fosse ao contrário e provavelmente os jogadores do Getafe acabariam irradiados. Mas Pepe foi um sortudo. Pediu desculpa, cumpriu o castigo e voltou a jogar. Infelizmente não aprendeu a lição.
O que o central do Real fez na última final da Liga dos Campeões é uma vergonha para o futebol. Com o mundo a ver, simulou ser vítima de duas agressões: uma de Filipe Luís e outra de Ferreira Carrasco. Em ambos os casos, gritou e rebolou como se lhe tivessem arrancado um olho ou rasgado o maxilar. Foi uma pincelada de vergonha numa final de guerreiros. Pepe fingiu estar mal num jogo onde quase todos os outros jogadores imaginavam estar bem e tentavam tudo para vencer o cansaço e a fraqueza. Enquanto uns caiam com cãibras, ele caia no ridículo. E só no ridículo.
O árbitro inglês Mark Clattenburg tem essa noção. Avisou-o à primeira. Disse que não ia entrar naquele jogo. E à segunda fez-lhe um olhar e uma careta de reprovação que correram mundo. O que ele sentiu alargou-se a muitos adeptos que assistiam ao jogo. Como Gary Lineker. O antigo internacional inglês utilizou o twitter para expressar uma ideia generalizada após aqueles dois momentos: Pepe is such a dick. E logo a seguir: Pepe is an enormous dick. Difícil discordar. Fernando Pessoa dizia que a base da representação é a falsidade. Mas há barreiras para essa mentira. Até no teatro. Mais ainda no futebol.
Pepe deveria ter sido expulso. Sem contemplações. Mas passou pelos intervalos da chuva. Riu por último e riu melhor. Daqui por alguns dias estará na Selecção. O jogador Pepe faz falta. Sim, comete erros – como a grande penalidade sobre Fernando Torres –, mas ainda consegue ser um dos grandes centrais do futebol europeu. Forte no jogo aéreo, veloz a recuperar, poder de antecipação e capacidade de sair com a bola controlada. Ainda merece todas essas expressões elogiosas do "futebolês". O Pepe mau actor, contudo, não precisa de viajar para França. Pode ficar em San Siro, em Madrid, onde ele quiser. E se os dois são inseparáveis, mais vale ficar a representar no banco ou na bancada. Caso Portugal precisasse de um actor para ganhar jogos, levaria Joaquim de Almeida. Tem mais talento do que Pepe e jamais seria apanhado num desempenho tão pobre e vergonhoso. Pepe não pode continuar a confundir a arena de jogo com a arena de circo. E, se o fizer, pelo menos que não seja com a camisola da Selecção.»
(Luís Aguilar, Opinião, in Record) «Os ingleses têm uma expressão para definir o excesso de representação. Chamam-lhe overacting. Acontece quando o actor emprega demasiada teatralidade numa cena que merecia uma abordagem mais serena e controlada. Como um histérico pranto onde devia cair apenas uma lágrima. Ou um profundo grito de dor apenas por causa de um fio de cabelo que foi arrancado. Pepe sabe o que é o overacting. Ou talvez não saiba. Parece complicado e mesmo assim é fácil.
Talvez Pepe não entenda, não queira saber, ou, pior ainda, não consiga evitar. É um repetente. Um cadastrado de situações vergonhosas. Basta regressar a 2009 para nos lembrarmos de o ver agredir dois jogadores do Getafe. Um com pontapés na cabeça e outro ao soco. Esteve fora durante dez jogos. Uma suspensão leve. Muito leve. Porque a camisola do Real Madrid, felizmente para ele, tem muita força. Fosse ao contrário e provavelmente os jogadores do Getafe acabariam irradiados. Mas Pepe foi um sortudo. Pediu desculpa, cumpriu o castigo e voltou a jogar. Infelizmente não aprendeu a lição.
O que o central do Real fez na última final da Liga dos Campeões é uma vergonha para o futebol. Com o mundo a ver, simulou ser vítima de duas agressões: uma de Filipe Luís e outra de Ferreira Carrasco. Em ambos os casos, gritou e rebolou como se lhe tivessem arrancado um olho ou rasgado o maxilar. Foi uma pincelada de vergonha numa final de guerreiros. Pepe fingiu estar mal num jogo onde quase todos os outros jogadores imaginavam estar bem e tentavam tudo para vencer o cansaço e a fraqueza. Enquanto uns caiam com cãibras, ele caia no ridículo. E só no ridículo.
O árbitro inglês Mark Clattenburg tem essa noção. Avisou-o à primeira. Disse que não ia entrar naquele jogo. E à segunda fez-lhe um olhar e uma careta de reprovação que correram mundo. O que ele sentiu alargou-se a muitos adeptos que assistiam ao jogo. Como Gary Lineker. O antigo internacional inglês utilizou o twitter para expressar uma ideia generalizada após aqueles dois momentos: Pepe is such a dick. E logo a seguir: Pepe is an enormous dick. Difícil discordar. Fernando Pessoa dizia que a base da representação é a falsidade. Mas há barreiras para essa mentira. Até no teatro. Mais ainda no futebol.
Pepe deveria ter sido expulso. Sem contemplações. Mas passou pelos intervalos da chuva. Riu por último e riu melhor. Daqui por alguns dias estará na Selecção. O jogador Pepe faz falta. Sim, comete erros – como a grande penalidade sobre Fernando Torres –, mas ainda consegue ser um dos grandes centrais do futebol europeu. Forte no jogo aéreo, veloz a recuperar, poder de antecipação e capacidade de sair com a bola controlada. Ainda merece todas essas expressões elogiosas do "futebolês". O Pepe mau actor, contudo, não precisa de viajar para França. Pode ficar em San Siro, em Madrid, onde ele quiser. E se os dois são inseparáveis, mais vale ficar a representar no banco ou na bancada. Caso Portugal precisasse de um actor para ganhar jogos, levaria Joaquim de Almeida. Tem mais talento do que Pepe e jamais seria apanhado num desempenho tão pobre e vergonhoso. Pepe não pode continuar a confundir a arena de jogo com a arena de circo. E, se o fizer, pelo menos que não seja com a camisola da Selecção.»
"Não sou esperto nem sou bruto
Nem bem nem mal educado
Sou simplesmente o produto
Do meio onde fui criado."
António Aleixo
"Seu palerma, chapéus há muitos"! Terá sido uma das frases que ficou para sempre ligada ao período áureo do cinema português e nele, ao prodígio de humor de uma das suas mais proeminentes figuras: Vasco Santana!...
Mas de jogadores palermas, parvos, idiotas, patetas, imbecis, estúpidos, néscios, tolos e ignorantes estará, sem a mais pequena réstia de dúvida, o futebol português repleto. A começar pelos orgãos a quem cabe neste pântano de corrupção administrar a justiça. Bastará lembrarmos os três paradigmáticos processos que envolveram Enzo Perez, Insua e Josué, há alguns anos (LINK), para percebermos que a "teatralização" de Pepe, no sentido de ludibriar o árbitro e levá-lo a expulsar o seu companheiro de profissão, terá sido um gesto angelical se comparado com as "escarretas públicas" desses três artistas. E no entanto, o mundo continuou a rolar, como se nada tivesse acontecido...
Pepe regressará à selecção e voltará a ser idolatrado se, eventualmente, a prestação desportiva da equipa de todos nós e de que continuará a fazer parte, culminar no êxito com que tantos sonham e em que acreditam. E as agressões bárbaras que lhe valeram em tempos 10 jogos de suspensão e esta e outras teatralizações que já protagonizou, ficarão para sempre perdidas no tempo e no esquecimento da alienação.
António Aleixo estava coberto de razão...
Somos simplesmente um produto do meio em que fomos criados!...
Leoninamente,
Até à próxima
Mas de jogadores palermas, parvos, idiotas, patetas, imbecis, estúpidos, néscios, tolos e ignorantes estará, sem a mais pequena réstia de dúvida, o futebol português repleto. A começar pelos orgãos a quem cabe neste pântano de corrupção administrar a justiça. Bastará lembrarmos os três paradigmáticos processos que envolveram Enzo Perez, Insua e Josué, há alguns anos (LINK), para percebermos que a "teatralização" de Pepe, no sentido de ludibriar o árbitro e levá-lo a expulsar o seu companheiro de profissão, terá sido um gesto angelical se comparado com as "escarretas públicas" desses três artistas. E no entanto, o mundo continuou a rolar, como se nada tivesse acontecido...
Pepe regressará à selecção e voltará a ser idolatrado se, eventualmente, a prestação desportiva da equipa de todos nós e de que continuará a fazer parte, culminar no êxito com que tantos sonham e em que acreditam. E as agressões bárbaras que lhe valeram em tempos 10 jogos de suspensão e esta e outras teatralizações que já protagonizou, ficarão para sempre perdidas no tempo e no esquecimento da alienação.
António Aleixo estava coberto de razão...
Somos simplesmente um produto do meio em que fomos criados!...
Leoninamente,
Até à próxima
é uma interdependência entre meio e heriditariedade
ResponderEliminarSim, isso é inegável e a ciência comprova-o. Mas atrever-me-ia, perante a complexidade do que somos e na linha do pensamento de Aleixo a defender que serão mais determinantes os efeitos do meio que o potencial herdado. De qualquer modo, concordo com o comentário.
EliminarInteiramente de acordo, somos simplesmente um produto do meio em que fomos criados!
ResponderEliminarNo caso particular do nosso futebol, temos vindo a encontrar, ao longo dos anos, alguns "verdadeiros artistas" na arte da trapaça, seja por falta de fair-play, seja porque o jogador, já de si, é um batoteiro. Mas a culpa não é só deles, jogadores, é capaz de ser muito mais daqueles que têm obrigação de os orientar e que, com certos árbitros, segredam "simula falta, o árbitro ajuda!" e, também, desses "julgadores" de apito na boca, que ora vêem o que mais ninguém conseguiu ver, ora vêem e fazem de conta que...
Enganar o árbitro, simulando uma falta, faz parte do futebol- não está certo, mas é universalmente aceite; simular uma agressão que não existiu e, depois, juntar-lhe o aparato de dores de pernas partidas, olhos arrancados, maxilares desfeitos, cabeças arrancadas, sujeitando o adversário a uma expulsão e a 1-2 jogos de castigo, tem que ser perseguido por quem de direito, visionando lances através da Tv- perseguido e punido, em conformidade.
Pepe mereceu bem ir uns dias para a bancada, para pensar no assunto (dito de outro modo, para pensar se terá valido a pena...)
Ora viva! Assisti a esse jogo e esta imagem foi uma das que me ficaram gravadas na mente! Sem citar nomes estou-me a lembrar de outro lance em que um jogador se fez à bola com as mãos no ar (como se fosse vítima de uma ameaça...) e lhe acertou em cheio o que lhe terá provocado uma dor ao nível do estômago! Lá mais para a frente (no campo, entenda-se...) houve um que de pouco activo que esteve se atirou para a piscina com bastante frequência e que ficava sentado no chão a reclamar falta...Desses três jogadores só há um verdadeiro portugués, pelo que nem tudo depende do meio em que se nasceu! Pode depender de ensinamentos do mínimo denominador comum entre esses três e esse tem um nome! Um nome muito especial!
ResponderEliminarSL
Com uma correcção para o texto de Luís Aguilar: o lance de pretensa falta de Pepe sobre Torres (que levou o árbitro a assinalar grande penalidade) terá sido mais o do contacto provocado pelo avançado do que uma entrada faltosa do defesa. Quanto ao resto Pepe envergonhou-nos e na selecção de Portugal, que não tem o poder europeu e mundial do Real, atitudes daquele jaez darão amarelo sobre amarelo. Percebido Pepe?
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