quarta-feira, 21 de março de 2012

O Sporting somos nós ?!... Cada vez menos !...

Os sócios do Sporting Clube de Portugal foram ontem informados, aqui, de uma "operação financeira" que Godinho Lopes e a sua direcção se preparam para levar a cabo: a passagem da SPM - Sporting Património e Marketing para a Sporting Futebol, SAD. As razões aduzidas nesse comunicado até podem ser razoáveis e justificadas, porém, habituado a tantas e sobretudo tão complexas operações realizadas pelo "roquetismo", que têm significado quase sem excepção a perda de património e activos do Sporting Clube de Portugal, fiquei, naturalmente com mais uma pedra no sapato da minha longamente sofrida mas eterna leoninidade.
Leigo nesta matéria, que muito poucos dominam e que aqueles que dela entendem e são useiros e vezeiros na utilização, apenas explicam quando e aquilo que muito bem entendem, escondendo o gato e o rabo também, encontrava-me muito naturalmente preocupado pelo quase secretismo, complexidade e implicações futuras desta gigantesca operação, tratada quase à margem dos sócios.
Como sempre que ao Sporting e seus sócios e adeptos são lançados desafios de entendimento difícil ou mesmo complexo, esperei pela posição desse grande e esclarecido sportinguista a que me ligam laços de recente mas sólida e honrosa amizade que é Rui Calafate. E, como sempre - Rui Calafate nunca falha quando em causa estão o Sporting e o seu futuro -, de forma limpida e transparente, aqui está a explicação.
E o que eu temia, de que algo pudesse estar a ser feito nas costas dos sócios do Sporting, ou pelo menos, sem que estes fossem chamadas a dizer de sua justiça, não era assim tão descabido como isso. E nem o facto de, dada a natureza jurídica de ambas as sociedades, poder eventualmente permitir que legalmente a operação agora anunciada possa ser exequível,  invalida os legítimos anseios de todos os associados do Sporting Clube de Portugal de serem suficientemente esclarecidos numa assembleia geral que para o efeito deveria ter sido convocada. O comunicado que ontem foi dirigido aos sócios e adeptos do Sporting Clube de Portugal, parece-me não cumprir os mínimos de transparência e respeito que àqueles deveria ser devido.
Para além de outros pormenores, com carga aparentemente menos emotiva e até desprezível aos olhos dos associados, está em causa a propriedade do nosso estádio que, amputado há uns anos de uma parte substancial do seu "recheio" através de um processo porventura legal mas que não deixou de ser polémico, passa agora das mãos do clube para as mãos da SAD, hoje maioritariamente nas mãos do Sporting, mas que no futuro poderá , por processos análogos ao de agora, deixar de pertenencer definitivamente à razão da sua existência.
O projecto Roquete parece encaminhar-se para o estertor final. Mas a maldita filosofia que o acompanhou desde a génese, permanece: em cada dia que passa vamos assistindo ao cumprimento do seu maquiavélico plano de retirar o Sporting Clube de Portugal das suas próprias mãos.
Porque o Sporting somos todos nós !!!...

Leoninamente,
Até à próxima

6 comentários:

  1. Caro Álamo,

    Neste aspecto, gostei muito, como aliás costumo gostar, da opinião dada no "A Norte" sobre o tema.

    As justificação não são de somenos importância. Manter uma presença maioritária na SAD é imprescindível, bem como o cumprimento das normas financeiras exigidas pela UEFA.

    Isto parece-me claro. A questão é: como o conseguir?

    A ideia parece ser passar o Estádio para a SAD. Não gosto, claro. Mas perder a maioria da SAD para os bancos ou arranjar um "Sheik" seria, para mim, bem mais trágico. E não vislumbro outras opções...

    Claro, podemos reduzir em muito os custos já para a próxima temporada do futebol. Será uma melhor solução? Tenho dúvidas...

    No geral, acho muito importante discutir o tema, é de fulcral importância. O que me ultrapassa são algumas das posições adoptadas em espaços digitais leoninas...

    Os "ladrões" e "gatunos", que "nos querem tirar o estádio", não foram os mesmos que o construíram...? Há lógica neste tipo de acusações?

    Sem ideias pré-concebidas, todos concordaremos que a actual situação financeira não é comportável. E, não o sendo, é preciso assumi-lo responsavelmente e tomar decisões nesse sentido.

    A pergunta que fica é: que soluções seriam mais interessantes do que esta?

    É preciso que quem clama por gatunos em Alvalade diga o que faria. Pelo menos eu, enquanto associado, gostava de ver opções que me agradassem mais.

    Eu não as vislumbro, mas, pela indignação que vejo em pessoas que conhecem a realidade do Clube, só posso acreditar que existem... gostava de saber quais são.

    Um abraço.

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  2. capacitem se q nao ha dinheiro, ja nos afundamos mais no endividamento aos bancos ( conseguimos mais uns milhoezitos pq o GL era influente na banca, mas nao ha maneira de conseguirmos ....seria preciso vencer o campeonato e irmos à champions durante uns anos seguidos..mas isso nao nos deixam!! a soluçao passa pelos sheiks, nao me agrada mas é a unica soluçao para se investir no clube..ou ele ou os russos ou algum chines..nao é por isso q deixo de ser socio e passo a ficar em casa a ver os jogos de alvalade!

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  3. Caro Gonçalo,
    De novo aqui, deixe-me dizer-lhe que aprecio e me lisonjeiam os seus comentários, assim como o seu sportinguismo e o interesse que demonstra por problemas mais profundos que uma simples bola a rolar na relva, que infelizmente afectam de forma séria a instituição que amamos.
    Se me permitir recordar-lhe, parte do património adjacente ao estádio José Alvalade, foi alienado no consulado de Soares Franco, num processo difícil e muito contestado, que passou por uma unha negra numa Assembleia Geral polémica, convocada após uma primeira tentativa que não teve êxito. Era a solução para a viabilização do Sporting. Como agora. Mas está visto que não foi. E nada nos garante que a operação ontem anunciada o venha a ser. Daí o meu receio, no qual sou acompanhado por muitos milhares de sportinguistas.
    Não me revejo no discurso que vou encontrando em grande parte da blogosfera leonina. Sempre tive e mantenho a firme convicção de que a razão não precisa de ser exposta em termos menos próprios, para triunfar. Mas a firmeza dessa minha convicção tem a mesma natureza daquela que me inunda o espírito sobre a bondade e lisura de processos de todas as direcções da "era Roquete". Por isso nas últimas eleições, não votei na "continuidade". Perdi, porque o projecto em que acreditava não conseguiu ganhar por uma pequeníssima margem. Ainda hoje não tenho a certeza se essa derrota foi justa ou se se processou ao arrepio dos valores que defendo. Mas aceitei democraticamente os resultados e o meu presidente passou a ser o Engenheiro Luís Godinho Lopes. Mas a minha memória nunca foi curta e as minhas reservas mantiveram-se, particularmente sobre as promessas em que assentava o seu projecto.
    Um ano passou desde essas famigeradas eleições e se sou obrigado a reconhecer ao novo poder instalado no Sporting, algum mérito na revolução encetada no plano do futebol profissional, nomeadamente na acção da famosa "vassoura" de Luís Duque, não me deixo atingir pela cegueira de não constatar que demasiado "lixo" não foi varrido para fora do Sporting, que grande parte das vâs promessas de Godinho Lopes continuam por cumprir - cumpriu algumas no tempo, mas o modo foi distorcido - e que a trave mestra que para mim seria a completa inflexão das gestões anteriores, no sentido da recuperação económica e financeira do clube que amo, não se verificou e os métodos e as dinâmicas anteriores se mantiveram com a prossecução de uma confrangedora, terrível, inconsequente e ineficaz "continuidade".
    (Continua)

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  4. A operação que determinou esta nossa "conversa", é o reflexo da continuidade a que eu cheguei a admitir que Godinho Lopes poderia pôr termo. Mas não pôs. Porquê?!... Porque julgo tratar-se de uma operação que apenas poderá possibilitar no futuro, a perda definitiva por parte do Sporting Clube de Portugal do seu quase único património fisicamente palpável: o seu estádio!...
    Todos os sportinguistas têm o "feeling" de que qualquer proposta para a venda do estádio para salvar o clube, seria liminarmente "chumbada". Godinho Lopes é um homem inteligente e sabe que não poderá repetir o processo de Soares Franco. Então o trajecto que eventualmente poderá conduzir à venda do José Alvalade foi subtilmente alterado: numa primeira fase passou em Assembleia Geral de Sócios do clube, para a posse da SPM (Sporting, Património e Marketing), sociedade anónima do grupo Sporting, tal como a Sporting Futebol, SAD. Os sócios aprovaram porque o estádio continuava no Sporting e jamais adivinharam o que estaria a ser preparado. Mas a intenção era clara, a SAD viria a absorver a SPM mais tarde, sem necessidade de uma Assembleia Geral de Sócios, porque a assembleia geral de accionistas das duas sociedades é a única imposição legal. Finalmente, com o estádio na posse exclusiva da SAD, tudo será possível no futuro, através de um simples assembleia de accionistas da SAD: venda de parte substancial da própria SAD, venda dos direitos de superfície do estádio, ou venda do próprio estádio, sem que alguma vez haja necessidade de convocar uma Assembleia Geral Extraordinária de Sócios do Sporting Clube de Portugal.
    Longe de mim acusar o actual poder instalado no Sporting de tentar cumprir um plano semelhante ao que acabo de expôr. Não estou dentro dos seus espíritos e não tenho o direito de duvidar do seu sportinguismo, que até pode muito bem ser mais forte e arreigado que o meu. A minha única preocupação é o Sporting colocar-se - legalmente - ao jeito de um qualquer Vale e Azevedo, que hoje, amanhã ou depois, nos surja pela porta dentro.
    Não sou jurista, nem economista, nem perito nestes tenebrosos subterrâneos da alta finança. Fui um humilde Engenheiro da Marinha Mercante e a única coisa que conhecerei bem, será uma boa parte dos cinco continentes deste planeta em degradação acelerada. Mas sou um homem atento que tenta viver informado. Alicercei a convicção que lhe expus e enquanto alguém com mais conhecimento profundo e específico não me convencer do contrário, continuarei muito preocupado com o meu Sporting e com o seu futuro.
    Estarei a exagerar na extensão desta resposta. Perdoar-me-à por isso, mas em "fascículos", talvez não fosse capaz de me fazer entender.

    Um abraço amigo e TUDO PELO SPORTING!!!...

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  5. Álamo,

    E a mim lisonjeia-me ler os seus artigos, já agora.

    Percebo as suas referências ás questões do tempo de FSF. Ainda assim, é preciso dizer que FSF deixou, no fim do seu mandato, um Clube estável e (na minha opinião) capaz de dar o "próximo passo".

    Não foi dado, porque JEB entrou e não só não deu o incremento qualitativo necessário que era fundamental, como conseguiu ser, que o foi, o pior presidente da História do SCP (e isto tudo não completando nem metade do mandato...!).

    Mais que não seja, é preciso dizer que isto não é uma solução por si só: seria uma solução temporária, que teria sempre de ter como continuidade um projecto desportivo vencedor e sustentável (que eu acredito que se está a formar).

    Atenção, não sei se fui suficientemente explícito: todas as críticas que apontei para a corrente de opinião que vigora não o incluíam, porque não só o conteúdo do que diz é diferente, como a forma como o expressa não podia ser mais distinta.

    Eu, que posso parecer com isto defensor da dita "continuidade" (e acho que alguns presidentes, pelas suas medidas de gestão, não mereciam ser colocados no mesmo pote que JEB, por exemplo... nem outros anteriores mereciam fugir dele, em termos de competência demonstrada), também não teria votado em GL.

    Acima de tudo, porque na principal actividade para o Futebol, a dupla escolhida (Duque & Freitas) tinha um Passado que falava por si - e que era tudo menos bom. Felizmente, surpreenderam-me positivamente (e espero que assim continue... aparecerão novos desafios com o caminhar do tempo).

    Ainda assim, percebendo algumas das críticas feitas, parece-me que não era fácil fazer (muito) melhor. Talvez outro treinador tivesse conseguido exponenciar mais significativamente os valores individuais do actual plantel (não duvido que Riijkard e Van Basten, especialmente o 1º, o tivessem feito)...

    Acredito que, com Duque nos bastidores (não gosto do trabalho que realizou no SCP no Passado, em termos de gestão de activos, mas a este nível parece-me alguém conhecedor e influente), a qualidade dos jogadores e as ideias futebolísticas do RSP, este projecto desportivo parece-me ter pernas para andar...

    Quanto á questão que discutimos em si, tudo o que referi da medida, que me parece aceitável tendo em conta o contexto e as alternativas, não legitima e muito dificilmente alguma vez legitimária a perda de uma posição maioritária na SAD.

    Nesse momento, mesmo nas piores circunstâncias, eu direi presente... e direi não. Porque a minha opinião é a de que o SCP não poderá, um dia que seja, depender maioritariamente de um único indivíduos exterior ao Clube.

    Eu percebo o seu receio, e, acredite, eu também o tenho. O que acredito é que esta decisão não terá forçosamente de levar á que enunciei. Eu, pelo menos, que percebo uma, jamais concordarei com a outra... Mas os sócios, pelo menos aí, não duvido que serão chamados a dar o seu veredicto, e serão soberanos (até os que acham que as suas opinião se tornam leis universais, e que as querem impor á força a todos os associados...).

    Acima de tudo, creio que é preciso alguma calma e ponderação, até porque haverão muitos desenvolvimentos futuros quanto a este tema, estou certo. Veremos que desenvolvimentos serão esses...

    Tudo pelo Sporting, amigo. Grande abraço!

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    1. Gonçalo,
      Com prazer e simpatia, gostei de ler o seu pensamento.
      Centrando-me em primeiro lugar na vertente desportiva, direi que a "vassoura" de Duque e o grande conhecimento do mercado e a capacidade negocial de Freitas, conseguiram fazer o milagre que eu não julgara possível. Paciência terá arrancado mal, depois conseguiu corrigir o rumo, mas a má qualidade da sua equipa técnica na vertente específica de planeamento e metodologia de treino e as suas próprias deficiências - ou limitações - nos capítulos técnico-táctico, liderança do plantel, motivacional e comunicacional para o exterior, "empurraram-no" para fora do Sporting. Não sei se alguma vez mais recuperará o capital que tinha amealhado em Braga e que agora perdeu. A menos que Pinto da Costa lhe dê a mão, mas acredito pouco que o faça depois do que viu em Alvalade, quase cópia do que tem em casa.
      Partindo agora para o cerne da questão que esteve na origem desta nossa troca de opiniões, a "poeira" já começou a levantar. Bruno de Carvalho e a Associação de Adeptos Sportinguistas vieram a terreiro e pelas opiniões expressas, quer-me parecer que uma bola de neve terá começado a rolar pela encosta nevada da oposição e todos nós sabemos que à medida que for rolando ganhará cada vez mais volume.
      Bruno de Carvalho fala em golpe. Eu não diria tanto e de certo modo concordaria consigo na presunção de que poucas alternativas restam ao clube, se não me assaltasse o receio que antes lhe referi.
      A AAS vai mais longee e parece defender a tese de que uma questão desta natureza terá que ser discutida e decidida em Assembleia Geral de Sócios do SCP. Eu penso que não e aí estará o golpe a que Bruno de Carvalho se refere.
      Como muito bem diz e eu concordo, precisamos de evidenciar muita calma e ponderação - e sobretudo deveremos estar muito atentos - e aguardar os desenvolvimentos que se adivinham.

      Com simpatia e amizade, um grande abraço

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