Gostar de quem fica
«João Pereira chegou inesperadamente cedo ao leme do Sporting, com o mesmo percurso de Rúben Amorim, isto é: nenhum.
Tal como o seu antecessor, apesar do tremendo apoio da massa adepta, apresentou-se com resultados negativos na Europa e nos confrontos domésticos. Se o futebol é o momento, necessariamente, o da entrada do novo treinador não tem sido o melhor.
Coloquemos, no entanto, o contexto em perspetiva numérica. Em 2024/25, o clube que alguns ousam, agora, dizer em crise, disputou 21 jogos, vencendo 17 e sendo derrotado apenas por FC Porto, Arsenal e Santa Clara. Lidera o campeonato nacional, segue no pelotão da frente da Liga dos Campeões e tem as taças todas em aberto. Nada disto é coisa de somenos importância e tudo está em aberto.
Assim posto, têm ou não têm os leões razões de preocupação? Evidentemente que sim. Se a substituição de Amorim nunca seria processo fácil, a forma abrupta como ocorreu é, em si mesma, geradora de reforçada ansiedade e incerteza. As ruturas abruptas têm destas coisas e não há como o esconder.
Os planteis, por melhores que sejam, não dispensam uma boa liderança e João Pereira tem mesmo que afirmar a sua. Se factualmente é demasiado cedo e escasseiam elementos que permitam condenar o novo timoneiro ao insucesso, por outro não se vislumbram ainda razões para nele confiar. Cada um de nós, na sua função, é julgado por aquilo que produz e com o antigo técnico da equipa B não será diferente.
A estrutura dirigente leonina tem implementado um processo que é credor de confiança, mas não de cegueira. Varandas, Zenha e Viana conquistaram para si créditos, mas o seu trabalho não é isento de crítica ou sindicância.
Uma época potencialmente histórica está em curso e, com olhos postos no sucesso, em Alvalade foi possível segurar Inácio, Hjulmand, Pedro Gonçalves, Trincão e Viktor Gyökeres. Abandonou Amorim que se escolheu a si mesmo em detrimento do clube.
Na hora da despedida é importante abraçar quem chega e esquecer quem foi por cá não querer estar. João Pereira não deve ser incensado mas merece uma oportunidade, algum tempo, todo o apoio e, no fim, faremos contas.
Até lá, creiam, os julgamentos antecipados só servem os nossos adversários e as suas histórias de terror.»
Palmas para quem está connosco!...
Leoninamente,
Até à próxima
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