«A derrota do Sporting na Bélgica diante do Club Brugge por 2-1 foi a 4.ª consecutiva de João Pereira em 5 jogos do técnico ao comando dos leões após a saída de Rúben Amorim. Desde 2012 que emblema verde e branco não assistia a este ciclo de derrotas e a continuidade do treinador de 40 anos começa a ser cada vez mais posta em causa.
Em declarações a Record, Paulo Alves, treinador e antigo jogador do Sporting, considera que "a margem vai encurtando cada vez mais". "Compete aos responsáveis definir exactamente o que é que pretendem. A situação é inexplicável, para mim é incompreensível esta 'décalage' tão grande em termos exibicionais e de resultados", diz o técnico, actualmente sem clube, acrescentando: "Alguma coisa na transição há de ter acontecido, porque os jogadores estão inseguros, estão na dúvida e não têm estabilidade emocional para produzir boas exibições."
Mais do que as questões tácticas, Paulo Alves acredita que a cabeça dos jogadores é que vai ditar a reacção leonina. "Acho que se joga tudo um pouco mais a nível emocional, a nível mental. Em termos de jogo, em termos tácticos, podemos perceber algumas diferenças e nuances, mas ainda é pouco tempo para se definir, ou para se determinar se há, de facto, mudanças muito profundas a nível técnico-táctico", justifica, lançando novo ponto de análise: "Parece que se perdeu aquele compromisso colectivo e o entusiasmo de ganhar jogos." "Por isso digo, eventualmente alguma coisa no discurso do João, nos primeiros dias, possa ter criado alguma confusão ou não foi bem compreendido, que levou à perda desses laços. O Sporting tem de rapidamente reatar esses laços, o entusiasmo, o compromisso colectivo, porque nenhum sistema ou estratégia vai resultar sem os jogadores aportarem isso para dentro de campo", refere o antigo avançado, que representou os leões entre 1995 e 1998.
Paulo Alves, que orientou João Pereira no Gil Vicente em 2005 e 2006, tem dúvidas quanto à capacidade do jovem técnico para dar a volta à actual situação. "Conheço o João Pereira. Obviamente, lidei com ele quase há 20 anos e há sempre um processo de maturação, as pessoas vão ganhando experiência. O João tem um coração enorme, dá tudo de si. É uma pessoa de uma entrega a todos os níveis excelente. Agora, não sei se o João - e tem-se notado no discurso, na comunicação - está perfeitamente à vontade, seguro daquilo que são as exigências do Sporting neste momento", justifica.
"O Sporting passou de um treinador cuja principal arma era aglutinar, estabelecer compromissos, objectivos e dinâmicas de entusiasmo do grupo fantásticas, para uma pessoa que se calhar não tem ou não demonstrou ainda essa capacidade. Isso pode alicerçar-se na experiência, é verdade, que o João não tem, obviamente, nestes momentos. E portanto, é por isso que eu disse há pouco, isto joga-se um pouco naquilo que são as questões mentais e as dinâmicas do grupo", acrescenta o técnico, de 55 anos.
No sábado os leões recebem o Boavista (20h30) para o campeonato e na opinião de Paulo Alves um resultado que não seja a vitória pode ditar a saída de João Pereira: "Começa a criar-se uma desconfiança tão grande em relação ao João, que, provavelmente, qualquer derrapagem, qualquer precalço, poderá ser fatal. Vai-se chegar a um limite em que as pessoas vão perceber que não dá. Oxalá não, oxalá o João possa ainda dar a volta."
Dar ou não dar a volta!!!...
Leoninamente,
Até à próxima
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