quinta-feira, 8 de março de 2018

Nenhum carteiro se vai enganar!...


Voz da maioria

A máquina de comunicação do benfica está há dois dias a exibir os músculos

«Não sei se há jornalismo desportivo. A expressão faz-me sempre pensar num porreiraço de mangas arregaçadas e fraldas de fora. Mas sei que no futebol há, pelo menos, dois jornalismos: o das maiorias e o das minorias. Um escrutina o outro. Isso significa que o jornalismo das maiorias é sujeito a um pequeno escrutínio e o das minorias a um grande escrutínio. Qualquer jornalista devia pensar bem nisto. O jornalismo do benfica é, não sei se já ouviram, o das maiorias. Aqui estou a ser simpático, porque muitos dos comentadores encartados das televisões não são jornalistas, mas antes uma espécie de humor autodepreciativo da classe. Vamos ali buscar um seccionista ao benfica (que é um clube com falta de voz e representação) e damos-lhe o fundamental, isto é, um blazer com cotoveleiras. Mas estou a derrapar. O jornalismo do benfica é o das maiorias. Um jornalismo de maiorias consegue criar visões deturpadas do mundo - imagino que concordam - com mais facilidade do que o jornalismo das minorias. Se o fizer com a intenção e o planeamento de uma máquina de comunicação como a que o benfica conseguiu repartir pelas televisões, é invencível, a menos que os jornalistas façam a si próprios a pergunta: com tanta gente a dizer o mesmo, não seria mais "jornalístico" experimentar outro ponto de vista? Escrevo isto porque, nos dois últimos dias, o segredo de justiça é uma ficção sem valor, Paulo Gonçalves um anónimo free-lancer, a administração do benfica uma pobre vítima formada por clones do general Ramalho Eanes e os emails que estão para trás, perdão, quais emails que estão para trás? Havia uma investigação e o suspeito, seguríssimo da inocência, procurou inocentemente saber o que tinham para ali inventado, sem pensar, na sua candura, que podia magoar os nobres benfeitores que o tiraram do relento da Circunvalação e lhe deram um tecto.»
(José Manuel Ribeiro, jornalista, director de jornal, Opinião)


Mesmo sem código postal, nenhum carteiro se vai enganar!...

Leoninamente,
Até à próxima

2 comentários:

  1. O texto parece-me ter sido escrito por um adepto do Porto mas gostei do cinismo.
    Ainda não me pronunciei sobre o e-toupeira por nada ter a acrescentar. Acredito no entanto que o PG (desta vez não é Pedro Guerra) vai ter que falar e não excluo que se venha a referir ao Apito Dourado que eu também não percebi! Mas, nesse tempo, eu lia muito pouco a Internet e nem me lembro se já a tinha em casa! Pela minha parte gostaria que se falasse de novo e, copiando o JMR, vou escrever porto em minúsculas.
    Não me aventurarei a escrever sobre a imagem que a justiça portuguesa transmite para o exterior porque, aí também, até ela sabe...

    SL

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    1. O amigo Aboim Serodio desculpará mas as minúsculas são da minha autoria. Depois do "toupeirame" que por aí anda, deixei de escrever benfica como era meu hábito!...

      SL

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