OS DILEMAS DE SÉRGIO E JESUS
«Quem é o favorito para o clássico de hoje? Por factor casa, se encontrar em primeiro e o Sporting ter preparado o jogo com diversas dúvidas e baixas, só posso dizer que é o Porto. Contudo, se alguém acha que Jorge Jesus vai só cumprir calendário ao Dragão, está redondamente enganado. Enquanto benfiquistas, ao longe, rezam por um empate, o estado mental dos contendores é o de um assassino profissional: matar, ganhar o jogo. Logo, a emoção será bem alta e o compromisso do grupo com o seu líder será determinante, tal como apontei na crónica da pretérita semana.
Ambos os treinadores não têm o esquadrão em pleno como desejariam. Na frente, Sérgio Conceição (SC) tem Aboubakar e Soares com mazelas, o pilar da equipa, Danilo Pereira continua no estaleiro – apesar da lacuna ter vindo a ser suprimida com categoria pela dupla Herrera-Sérgio Oliveira – e atrás está sem um dos melhores jogadores da Liga, Alex Telles, e Ricardo Pereira ainda não está certo na recuperação. Mas o Porto tem ânimo, tem um comandante que gosta dos jogos grandes, porque sempre foi grande, e tem uma vantagem pontual que lhe dá resguardo se acontecer um percalço. Porém, e apesar da distância, SC não abdicará dos seus princípios, não baixará linhas na expectativa nem com cinismo, pois a sua filosofia tem como base os olhos sempre colocados na baliza adversária, onde pretende chegar o mais rápido possível.
Jesus, por seu lado, teve uma semana complicada. Ganhou tangencialmente ao Moreirense, muito por força das múltiplas ausências por uma virose que atingiu o plantel, e preparou o confronto com William, Coentrão, Picini, Doumbia, entre outros, a meio-gás. E continua incerta a utilização de Bas Dost. Sem esquecer a estupidez de Gelson Martins. Sim, estupidez, não tenhamos medo das palavras. É muito bonito ter um gesto de apoio a um grande amigo que entrou numa espiral de violência, segundo retratam todos os jornais, mas, ao tirar a camisola para mostrar a interior a Rúben Semedo, o extremo leonino prejudicou-se a si próprio – pois os tubarões do futebol internacional estarão nos camarotes a tirar apontamentos –, ao treinador, ao grupo de trabalho, ao clube que lhe paga um salário que não está ao alcance de todos e à massa adepta que o acarinhou sempre e sonha com a conquista do campeonato. Assim, temos essa certeza: Gelson estará a cuidar das suas mágoas por não estar dentro de campo e pelo amigo que está preso.
Também é certo que este jogo é mais decisivo para os leões. A quem uma vitória deixa tudo em aberto, mas num cenário negro de derrota pode refrear as pretensões na obtenção do título, no entanto, nada estará perdido. Espero um grande jogo de futebol, entre adversários que se respeitam, sem folclores policiais e, se não for pedir muito, que o VAR seja poucas vezes chamado e, se tal acontecer, que não erre. Pois começamos a estar fartos de um mecanismo tecnológico que veio para ajudar na verdade desportiva se estar a transformar num imbróglio semanal.»
Nunca o título da habitual crónica de Rui Calafate, me pareceu tão ajustado! Mas...
Jorge Jesus não irá à Antas apenas para cumprir calendário!...
Leoninamente,
Até à próxima
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