quinta-feira, 13 de fevereiro de 2020

O Sporting que sempre foi!...


O triunfo de Varandas

«Sobre as claques organizadas no futebol já sabemos tudo e há demasiado tempo. Há estudos académicos de grande nível, há leis nacionais e da União Europeia, há uma generalizada censura social e política da violência no futebol, mas a impunidade persiste. Há uma lei, a 39/2009, sujeita a sucessivas alterações na última década, que permanece um monumento à hipocrisia do Estado. Os governos têm feito declarações de circunstância aqui e ali mas, no essencial, lavam as mãos como Pilatos.

O mundo despertou para o perigo das claques com a tragédia de Hysel Park, em Maio de 1985, na tristemente célebre final da Taça dos Campeões Europeus em que morreram 39 pessoas. Portugal nunca despertou. Até aos anos 90 não existiam Super Dragões, Juventude Leonina ou No Name Boys. Existiam adeptos que gostavam de ver futebol, que tinham as suas rivalidades, é certo, mas não eram grupos organizados, financiados pelos clubes. Não existiam líderes eternos nas claques que exibissem verdadeiras fortunas em termos patrimoniais sem nenhuma explicação lógica, que tivessem ligações ao submundo da droga ou fizessem e desfizessem direcções.

O Sporting transformou-se no caso mais grave de todos. É o primeiro exemplo de um clube que foi dominado por uma claque. Uma claque que elegeu um presidente que, por sua vez, deu uma excepcional situação de privilégio a esse grupo, transformando-o na sua guarda pretoriana. O dito presidente saiu mas o vírus ficou.

Os estudos académicos feitos em toda a Europa sobre o hooliganismo e a ideologia ultra explicam muita coisa sobre as claques e, cada vez mais, a sua ligação ao crime organizado. Em Itália, de Milão a Palermo, os comportamentos violentos, a intimidação e o ódio, o poder e os negócios detectados nas três maiores claques portuguesas, são os ingredientes que levam a Mafia a utilizar estes grupos radicais nas suas vinganças e estratégias de terror. Por isso, os que agora se riem da luta de Frederico Varandas contra a Juventude Leonina podem um dia ter de chorar. O mal também está na casa deles. Varandas pode não ganhar esta luta porque a falta de resultados desportivos não agrega vontades. Mas uma coisa é certa: no campeonato da decência Frederico Varandas está a golear por vinte a zero. E é lamentável que os outros clubes ditos ‘grandes’ não se juntem a ele numa frente unida pela paz no futebol, pressionando um poder político totalmente inepto no ataque a esta tragédia social.»
(Eduardo Dâmaso, director da revista Sábado, Futebol de Rua, in Record, hoje, às 18:05)

Deixo por aqui esta velha mas sempre actual mensagem de Adriano, dedicada a todos os sportinguistas que, enfeudados aos resultados desportivos, parecem, esquecendo os valores supremos que sempre rechearam a riquíssima e centenária história do Sporting Clube de Portugal que nos trouxe até aqui, esquecer o essencial da ingrata e difícil tarefa de quem legitimámos com o nosso voto e que merecerá, sempre e "mesmo na noite mais triste", todo o nosso respeito.

Há muito mais para além de quaisquer erros que eventualmente tenham acontecido! Há muito mais para além de uma, ou duas ou muitas épocas pouco conseguidas!....
   


TROVA DO VENTO QUE PASSA

Pergunto ao vento que passa
Notícias do meu país
E o vento cala a desgraça
O vento nada me diz.

Pergunto aos rios que levam
Tanto sonho à flor das águas
E os rios não me sossegam
Levam sonhos deixam mágoas.

Levam sonhos deixam mágoas
Ai rios do meu país
Minha pátria à flor das águas
Para onde vais? Ninguém diz.

[Se o verde trevo desfolhas
Pede notícias e diz
Ao trevo de quatro folhas
Que morro por meu país.

Pergunto à gente que passa
Por que vai de olhos no chão.
Silêncio -- é tudo o que tem
Quem vive na servidão.

Vi florir os verdes ramos
Direitos e ao céu voltados.
E a quem gosta de ter amos
Vi sempre os ombros curvados.

E o vento não me diz nada
Ninguém diz nada de novo.
Vi minha pátria pregada
Nos braços em cruz do povo.

Vi minha pátria na margem
Dos rios que vão pró mar
Como quem ama a viagem
Mas tem sempre de ficar.

Vi navios a partir
(Minha pátria à flor das águas)
Vi minha pátria florir
(Verdes folhas verdes mágoas).

Há quem te queira ignorada
E fale pátria em teu nome.
Eu vi-te crucificada
Nos braços negros da fome.

E o vento não me diz nada
Só o silêncio persiste.
Vi minha pátria parada
à beira de um rio triste.

Ninguém diz nada de novo
Se notícias vou pedindo
Nas mãos vazias do povo
Vi minha pátria florindo.

E a noite cresce por dentro
Dos homens do meu país.
Peço notícias ao vento
E o vento nada me diz.

Quatro folhas tem o trevo
Liberdade quatro sílabas.
Não sabem ler é verdade
Aqueles pra quem eu escrevo.

Mas há sempre uma candeia
Dentro da própria desgraça
Há sempre alguém que semeia
Canções no vento que passa.

Mesmo na noite mais triste
Em tempo de servidão
Há sempre alguém que resiste
Há sempre alguém que diz não.


Só com um desmedido e orgulhoso altruísmo e uma real e profunda agregação de vontades, o nosso grande amor poderá voltar a ser...

O Sporting que sempre foi!...

Leoninamente,
Até à próxima

13 comentários:

  1. O Dâmaso farta-se de escrever incorrecções!! As claques apareceram nos anos 70 (JL em 1976)!!o fenómeno do Holliganismo existe no Reino Unido desde o final dos anos 50!!Quando se escreve sobre algo, convém saber alguma coisinha!!
    Sabe Álamo, essa conversa dos valores leoninis6e a mania que somos mais qualquer coisa que os outros é que nos tem atirado para décadas de incompetência e delapidação do nosso Clube, principalmente com estas "castas" que não largam o Sporting!!
    Duma vez por todas, nós somos iguais aos outros, temos gente boa e gente má, pessoas decentes e pessoas execráveis e não há como "purificar" um clube de futebol em pleno século XXI!! Acordem para a realidade é deixem de se armar em Baronet és arruinados mas cheios de Basófia!!
    Caramba, em 3,5 milhões de adeptos é sócios não se arranja alguém competente, normal e que não tenha problemas mentais ou de comunicação básica?? Alguém que saiba escolher pessoas certas para os lugares certos e que saiba delegar?? Alguém que saiba negociar e que conheço pelo menos os rudimentos do Poker??
    Caro Álamo, veja se acorda para a realidade, sem vitórias que nos encham de orgulho l, bem pode esquecer os princípios que, são muito bonitos, mas não evitam os enxovalho diários a que somos sujeitos, ou os nosso miúdos na escola!!
    O Sporting é para ser vencedor, o resto é música, mesmo a boa música de Adriano Correia de Oliveira!!

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    1. Obriga-me a minha consciência a dar-lhe uma boa fatia de razão, caro Rinaudo, naquilo que ao Sporting diz respeito! De facto, é dramático que os anos passem encadeados uns nos outros, se completem lustros, décadas e sucessivos mandatos de más escolhas, neste infeliz, triste e desapontador 'ram-ram'!...
      Definitivamente, os sportinguistas parecem incapazes de boas escolhas, mesmo na vastidão de quase quatro milhões!...
      Valha-nos ao menos a boa música!!!...
      SL

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  2. Desculpe que lhe diga mas o senhor num dia acende uma vela a Deus e no outro acenda uma vela ao diabo. Defina-se!

    MarSantos

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    1. Está desculpada Maria. Compreendo que por detrás de um teclado o prisma seja esse, custe entender o óbvio e seja mais fácil ver velas a deuses e diabos, onde existem apenas críticas - construtivas! - perante o que se entende por erros de circunstância, sem que se nunca se coloquem em causa processos legítimos e repudiem todos os atropelos à lei, à ordem e aos mais elementares preceitos éticos...

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  3. Estou estupefacto! O Álamo a publicar uma poesia escrita e cantada por dois grandes Benfiquistas. Por sinal um Socialista e outro Comunista. Aplaudo!

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    1. Há tanta, tanta coisa do Álamo que o caro Abraão desconhecerá! Até que jamais será capaz de meter no mesmo saco sem conseguir separar, meros afectos naturais, humanos e circunstanciais, com concepções de mundo que, se calhar, ultrapassarão a forma redutora com que olha para o mundo que o rodeia!...

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  4. "no campeonato da decência Frederico Varandas está a golear por vinte a zero."
    Tá feito. Afirma isso, sem oferecer qualquer tipo de fundamente para uma afirmação tão lunaticamente rocambolesca.

    O tipo que faz a vida a insultar adeptos, mandar beijinhos aos sócios, promover elitismo, e provocar as facções, mente e difama regularmente, e que ainda esta semana se aproveitou de violência para ignorar milhares de sócios que se manifestaram pacificamente está a ganhar em decência por 20 a 0 a...a quem, mesmo?

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    1. É um malandro o Frederico Varandas! O Orelhas, o Papa e o Trolha é que são gente boa, não é Luís?! Já para não falar no Mustafá!...

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    2. No dia em que levar uma multa, experimente alegar que, à beira de Idi Amin e do Ted Bundy, você é um santo.

      De qualquer modo, preferia ter alguém que não fosse comparável ao papa, ao trolha ou ao orelhas, e, só aí, é que me começava a preocupar com os outros.

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    3. Os anjos não têm sexo, caro Luís...

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    4. Lamento que o Luís se tenha perdido no complicado labirinto que o verbo "ter" encerra. Já não cairia no absurdo, grotesco e, quiçá boçal, deste seu último comentário...
      Esta minha eterna mania de admitir que uma figueira possa algum dia oferecer-nos laranjas!...

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    5. Admita, foi uma boa piada.
      Astuta, até.

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