quarta-feira, 4 de abril de 2018

"Pero que las hay, las hay"!...


JORGE JESUS: O FUTURO COMEÇA HOJE

«Após a derrota em Braga a discussão sobre o futuro de Jorge Jesus era inevitável. Há de tudo na catadupa de opiniões, debates e trabalhos de ‘investigação’ dos últimos dias. Artigos consistentes, concordemos ou discordemos deles, discussões acaloradas ou simples lama na ventoinha lançada por aqueles que têm saudades do Sporting pré-Jesus, quando a equipa era menos competitiva e o futebol em Portugal se jogava a dois. Bons tempos!

Mesmo que Bruno de Carvalho tivesse feito uma declaração pública a assegurar a manutenção do treinador, tal não impediria a discussão, porque é assim a natureza humana. A época do Sporting parece hoje quase perdida, negra, acham os mais exagerados, já que ganhar ao Atlético de Madrid é o equivalente a ir à Lua e mesmo uma vitória sobre o Porto, na meia-final da Taça, com respectivo bilhete para o Jamor. não se afigura uma tarefa nada simples.

Eu também consigo identificar – são matéria de facto e não de opinião – vários problemas do futebol do Sporting e parece-me certo que Jesus tem responsabilidade directa em várias dessas questões, a começar pelo mercado de Inverno, onde as desejadas ‘prendas’ se revelaram afinal umas belas encomendas que parecem complicar em vez de ajudar uma equipa onde o desgaste físico é uma evidência. O número de jogos feito pelo Sporting, se fizermos por exemplo uma comparação com o Benfica, explica porque em muitas ocasiões a equipa pura e simplesmente se eclipsa.

No entanto, e apesar de estarmos a pouco mais de um mês do final da época, é ainda cedo para, não só fazer um balanço, como projectar a próxima temporada. Um mês e meio pode ser o tempo para chegar do anunciado inferno ao agora distante céu.

Trata-se de uma realidade também para Benfica e Porto (e respectivos treinadores), mas que atinge de forma mais incisiva o Sporting, em grande medida porque estamos a falar de Jorge Jesus e, com ele, nunca há meias medidas. É tudo ou nada.

Se o Sporting ultrapassar o Atlético de Madrid e o Porto e encurtar distâncias na Liga (onde tudo, mas tudo está em aberto), o clima psicológico muda radicalmente e o foco também. Neste caminho, Madrid é o primeiro passo. Esta sexta-feira, a discussão em torno do futebol leonino pode continuar no tom em que tem estado – e com novos argumentos – ou começar a mudar como o vento. A 18 de Abril, no fim da meia-final da Taça, as contas serão feitas. E talvez mesmo alguns ajustes de contas, porque, se correr mal, os inimigos de Jesus não hesitarão em anunciar o fim dos seus dias sugerindo-lhe uma reforma imediata.

Bruno de Carvalho, que sempre se mostrou hábil na escolha dos treinadores, terá com toda a certeza um plano alternativo. E deve tê-lo se for, como considero que é, um gestor prevenido. Não será fácil encontrar alguém com as qualificações de Jesus, mas há outros caminhos e nomes a explorar.

Ter um plano alternativo, ou plano B, não significa que, mesmo que o Sporting seja derrotado nas várias frentes, alguma solução seja mais consistente que a manutenção de Jorge Jesus. Na minha opinião não será, mesmo tendo em conta na equação o investimento feito e as expectativas que sejam defraudadas, mas a minha opinião – como as opiniões em geral – conta pouco.

A comparação com o que Luís Filipe Vieira fez no ano em que Jesus perdeu tudo é também abusiva: nem a situação é (ou será igual) nem o clube e o ecossistema que o envolve é o mesmo. Sempre o Homem e a sua circunstância. Nesse sentido é, pois, preciso dar tempo ao tempo – estamos a falar de semanas – e considerar as várias possibilidades. Bruno de Carvalho saberá o que é melhor para o Sporting. Jesus também. E ambos deverão ter a grandeza de colocar a instituição acima dos seus interesses particulares...»
(Nuno Santos, Ângulo Inverso, in Record)

Quem não conseguirá identificar - "são matéria de facto e não de opinião" - os múltiplos e complexos problemas com que sempre se tem confrontado o futebol do Sporting, nomeadamente na actualidade, e quão inglório será o esforço para isentar Jorge Jesus da responsabilidade directa numa grande maioria dessas questões?! E note-se, "en passant", que estaremos apenas a referir a "ponta do iceberg" visível, que corresponderá, apenas e tão só, ao desempenho da equipa dentro das quatro linhas neste "consulado" de três anos que JJ já leva em Alvalade. Mas a parte submersa nunca deixará de atormentar a mente de milhares e milhares de sportinguistas, que jamais deixarão de estabelecer, legitima e naturalmente, o paralelo com a sua "expulsão" da quinta do vizinho mais próximo. E fiquemo-nos por aqui, que a matéria é melindrosa e impossível de analisar sem provas. Mas, mesmo não acreditando em bruxas...

"Pero que las hay, las hay"!...

Leoninamente,
Até à próxima

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