A CAMINHO DO N.º 1 MUNDIAL
«O desafio mais importante é sempre o próximo. O que está feito, feito está. E quando se fala de ter sucesso, de ganhar, o problema é ainda maior. Para continuar a vencer é necessário ser ainda melhor do que antes, porque os adversários têm por obrigação profissional seguir as melhores práticas e acabam sempre por igualar quem vai à frente.
Veja-se o caso de Jorge Jesus. Em 2015 foi campeão nacional pelo Benfica e a revista inglesa ‘FourFourTwo’ considerou-o o 15.º melhor treinador do Mundo; este ano subiu cinco lugares nessa hierarquia – para a 10.ª posição – e não conseguiu acabar com a travessia no deserto que o Sporting continua a fazer na liga portuguesa. Isto é, Jorge Jesus trabalhou melhor, mas não foi suficientemente bom para chegar a campeão.
É por isso que o desafio desta época, para o 10.º melhor treinador do Mundo, é incomparavelmente maior. Não basta a Jesus trabalhar a arte da equipa, nem ficar-se pelo desenvolvimento estratégico de alguns capítulos do jogo. Para ganhar títulos, um treinador que quer "ser melhor" tem de trabalhar ainda mais em qualidade.
Um dos problemas mais graves da liderança de Jorge Jesus é a ausência de massa crítica à sua volta. O treinador do Sporting gosta muito de ouvir o ‘sim’ – já era assim no Benfica –, mas convive mal com o contraditório construtivo. Ele é que sabe. E nem sempre é assim. Mais: muitas vezes não é assim.
Se quer ter sucesso mais vezes, Jorge Jesus precisa de alinhar um princípio competitivo simples, básico: todas as competições em que o Sporting entrar são para ganhar . E é preciso que alguém o ajude a comprometer-se com essa ideia, porque ele a solo já mostrou não estar convencido dessa necessidade.
É aqui que entra a ‘estrutura’. Um treinador da qualidade de Jesus precisa mais do que de gestores com atitude de adeptos. A definição da estratégia não pode estar exclusivamente nas mãos dele. Tem de haver mais do que ‘yes men’ – e muito mais do que a claque que se estende das bancadas ao conselho de administração – em torno de um treinador que quer chegar a n.º 1 da ‘FourFourTwo’.»
(António Varela, Por Causa das Coisas, in Record)
"Às vezes de uma fraca moita sai um bom coelho"! Longe de mim ser deselegante para quem nunca o foi comigo. Mas António Varela nunca me pareceu um jornalista polémico e que aprecie confrontar-se seja com quem for, o que, a meu ver, não será exactamente o caso da sua crónica de hoje.
Claro que ninguém amassa para fazer ruim pão e AV lá saberá as linhas com que se cose. Mas ou eu me engano muito ou este seu texto irá causar, se não for polémica, pelo menos algum desconforto em alguém.
Não quero com isto transformar-me em advogado do diabo, mas o facto é que encontro alguma lógica e racionalidade no pensamento de AV. Não toda, obviamente, mas alguma...
Esta pré-época tem dado alguma razão a JJ: o Sporting da época passada, se tivesse sido conduzido pelo princípio que AV defende - "entrar em todas as competições para ganhar" - não teria discutido o título com o Benfica até ao último segundo da última jornada. Já quanto à época prestes a arrancar, tal poderá estar ao seu alcance, se...
Vocês - e António Varela também! - sabem bem do que eu estou a falar!...
Leoninamente,
Até à próxima
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