A TAÇA E AS TRAÇAS
«Entre as ridicularias de alguns opinadores, bloggers e outros adeptos franceses – com as suas ‘dégueulasses’ (faz mais sentido, já agora, traduzir esta palavra por ‘perverso’ ou ‘sujo’, do que insistir no ‘nojento’), as suas petições para a repetição da final (o jogo tem sido reproduzido nas televisões e Portugal ganha sempre...), as suas comichões homofóbicas ou as suas azias mal disfarçadas – e o tempo perdido por muitos portugueses a indignar-se e a responder (alguns na mesma moeda...) a estas opiniões ignorantes e retardadas, nem sei dizer quem faz a figura pior. A Selecção Nacional é campeã europeia com todo o mérito, desde logo porque ninguém ganha uma competição destas sem o ter, e ponto final. Só isso interessa. O resto são ‘fait-divers’.
O futebol da Selecção não teve ‘nota artística’, mas teve ‘nota técnica’ e ‘nota táctica’, sobretudo esta última. Portugal defendeu muito? Sim, mas também atacou muito. Aliás, o grande mérito desta equipa foi saber defender com todos e atacar com todos. Ninguém se limitou a lutar pela sobrevivência. Houve paciência e concentração para deixar os adversários subir no terreno, não lhes dar espaço de (grande) manobra e roubar-lhes a bola para iniciar o contragolpe. A táctica resultou, porque todos a souberam interpretar bem e foram eficazes na hora das decisões.
Não foi melhor, nem pior. Foi diferente o jogo português. Pragmático e cínico, sim. E qual é o mal? É deixá-los falar. A taça está cá e as traças ficaram lá.»
(Luís Milhano, Universo Paralelo, in Record)
«Entre as ridicularias de alguns opinadores, bloggers e outros adeptos franceses – com as suas ‘dégueulasses’ (faz mais sentido, já agora, traduzir esta palavra por ‘perverso’ ou ‘sujo’, do que insistir no ‘nojento’), as suas petições para a repetição da final (o jogo tem sido reproduzido nas televisões e Portugal ganha sempre...), as suas comichões homofóbicas ou as suas azias mal disfarçadas – e o tempo perdido por muitos portugueses a indignar-se e a responder (alguns na mesma moeda...) a estas opiniões ignorantes e retardadas, nem sei dizer quem faz a figura pior. A Selecção Nacional é campeã europeia com todo o mérito, desde logo porque ninguém ganha uma competição destas sem o ter, e ponto final. Só isso interessa. O resto são ‘fait-divers’.
O futebol da Selecção não teve ‘nota artística’, mas teve ‘nota técnica’ e ‘nota táctica’, sobretudo esta última. Portugal defendeu muito? Sim, mas também atacou muito. Aliás, o grande mérito desta equipa foi saber defender com todos e atacar com todos. Ninguém se limitou a lutar pela sobrevivência. Houve paciência e concentração para deixar os adversários subir no terreno, não lhes dar espaço de (grande) manobra e roubar-lhes a bola para iniciar o contragolpe. A táctica resultou, porque todos a souberam interpretar bem e foram eficazes na hora das decisões.
Não foi melhor, nem pior. Foi diferente o jogo português. Pragmático e cínico, sim. E qual é o mal? É deixá-los falar. A taça está cá e as traças ficaram lá.»
(Luís Milhano, Universo Paralelo, in Record)
Se por puro e abominável masoquismo alguma vez me atrevesse a comparar esta belíssima crónica de Luís Milhano, com a "farelada" que por vezes aparece no mesmo e preciso jornal Record, certamente que, num impulso irreprimível, buscaria por aí em qualquer lugar um látego com que pudesse flagelar as minhas próprias costas, de modo a que a minha pobre mente pudesse encontrar o equilíbrio de que necessito para seguir em frente, com tanta porcaria à minha volta!...
De facto, depois de tão surpreendente e dramática final, apetece começar a olhar para a selecção portuguesa e para o esquema táctico engendrado pelo "engenheiro do euro" com "olhos de ver" e tentar descobrir um atalho qualquer que por aí andará escondido entre as "espessas veredas dos comentadeiros e paineleiros" que vamos tendo por cá, e que poderá muito bem não estar assim tão distante da sublime lição que Rinus Michels nos deixou como herança.
É que quando vemos Raphael Guerreiro deambulando e combinando nas imediações da esquina direita da grande área à guarda de Hugo Lloris com os seus companheiros do ataque, chegando ao ponto de gelar o Stade de France na marcação de um livre directo que esbarrou na trave que ainda nesta altura estará a tremer e nos dispusermos depois, pacientemente, a rebobinar o filme de todos os jogos da nossa portentosa caminhada, seremos obrigados a reconhecer que Cedric Soares, na outra lateral e à sua maneira, também não se coibiu de imitar o seu companheiro. E prosseguindo na rebobinagem, quantas vezes reparámos nas investidas de Pepe e José Fonte bem para lá da linha de meio-campo? E quantas vezes vimos João Mário e Quaresma, dentro ou nas imediações da nossa grande área em missões defensivas? E quem terá ganho a bola quase junto à nossa linha de cabeceira, para depois a fazer passar por Ronaldo, Renato, Nani e de novo Ronaldo, para terminar na cabeçada fulminante do mesmo Quaresma que a recuperou?!...
Quer dizer, andamos há décadas apreciando e exultando com a "filigrana tuga" que o nosso futebol patenteava e donde nada mais conseguimos retirar que "vitórias morais" e agora que, de forma ainda titubeante mas em que se adivinha um projecto de futebol colectivamente inteligente, pragmático e eficaz, atrevemo-nos a dizer mal de uma forma de ser e de estar no futebol que acaba por nos fazer campeões de uma Europa que nos despreza e vilipendia!...
Decididamente somos um povo "que nem se governa nem se deixa governar"! Se Fernando Santos por uma qualquer ironia contida nos estúpidos parâmetros dessa aberração dos cagados - segundo o NAO caberá ao leitor colocar ou não acento no primeiro "a" - brasileiros que resulta exactamente dessas iniciais que traduzem e dão corpo a esse aborto do "Novo Acordo Ortográfico", se pudesse chamar "Ferdinand Michels Saints", estaríamos perante uma "nova revolução táctica" trazida pelo Euro'2016, a que porventura alguém se lembraria de chamar "futebol completo"! Como o engenheiro é nosso e todos entre nós estão proibidos de ser inteligentes e inovadores, aí estão todos os "comentadeiros e paineleiros" da nossa praça a arreganhar as nádegas aos "franciús, alemões e espanholitos" e a afirmar sem pruridos e com "desorgulho" e imbecilidade, que o "nosso futebol é nojento", sem cuidar de reflectir se amanhã, afinal, os "experts" do futebol mundial não se verão na necessidade de copiar Fernando Santos!...
Vai ser muito curioso apreciar aquilo que Fernando Santos apresentará no apuramento para o Mundial de 2018. Porque se na base do que até agora apresentou está o título de Campeão Europeu, o que poderá acontecer quando os processos forem apurados e sublimados?!...
No fundo, no fundo, para além de uma saudável visão sobre o futebol que levou Portugal a tão invejada conquista, numa outra coisa Luís Milhano estará carregadinho de razão...
De facto, depois de tão surpreendente e dramática final, apetece começar a olhar para a selecção portuguesa e para o esquema táctico engendrado pelo "engenheiro do euro" com "olhos de ver" e tentar descobrir um atalho qualquer que por aí andará escondido entre as "espessas veredas dos comentadeiros e paineleiros" que vamos tendo por cá, e que poderá muito bem não estar assim tão distante da sublime lição que Rinus Michels nos deixou como herança.
É que quando vemos Raphael Guerreiro deambulando e combinando nas imediações da esquina direita da grande área à guarda de Hugo Lloris com os seus companheiros do ataque, chegando ao ponto de gelar o Stade de France na marcação de um livre directo que esbarrou na trave que ainda nesta altura estará a tremer e nos dispusermos depois, pacientemente, a rebobinar o filme de todos os jogos da nossa portentosa caminhada, seremos obrigados a reconhecer que Cedric Soares, na outra lateral e à sua maneira, também não se coibiu de imitar o seu companheiro. E prosseguindo na rebobinagem, quantas vezes reparámos nas investidas de Pepe e José Fonte bem para lá da linha de meio-campo? E quantas vezes vimos João Mário e Quaresma, dentro ou nas imediações da nossa grande área em missões defensivas? E quem terá ganho a bola quase junto à nossa linha de cabeceira, para depois a fazer passar por Ronaldo, Renato, Nani e de novo Ronaldo, para terminar na cabeçada fulminante do mesmo Quaresma que a recuperou?!...
Quer dizer, andamos há décadas apreciando e exultando com a "filigrana tuga" que o nosso futebol patenteava e donde nada mais conseguimos retirar que "vitórias morais" e agora que, de forma ainda titubeante mas em que se adivinha um projecto de futebol colectivamente inteligente, pragmático e eficaz, atrevemo-nos a dizer mal de uma forma de ser e de estar no futebol que acaba por nos fazer campeões de uma Europa que nos despreza e vilipendia!...
Decididamente somos um povo "que nem se governa nem se deixa governar"! Se Fernando Santos por uma qualquer ironia contida nos estúpidos parâmetros dessa aberração dos cagados - segundo o NAO caberá ao leitor colocar ou não acento no primeiro "a" - brasileiros que resulta exactamente dessas iniciais que traduzem e dão corpo a esse aborto do "Novo Acordo Ortográfico", se pudesse chamar "Ferdinand Michels Saints", estaríamos perante uma "nova revolução táctica" trazida pelo Euro'2016, a que porventura alguém se lembraria de chamar "futebol completo"! Como o engenheiro é nosso e todos entre nós estão proibidos de ser inteligentes e inovadores, aí estão todos os "comentadeiros e paineleiros" da nossa praça a arreganhar as nádegas aos "franciús, alemões e espanholitos" e a afirmar sem pruridos e com "desorgulho" e imbecilidade, que o "nosso futebol é nojento", sem cuidar de reflectir se amanhã, afinal, os "experts" do futebol mundial não se verão na necessidade de copiar Fernando Santos!...
Vai ser muito curioso apreciar aquilo que Fernando Santos apresentará no apuramento para o Mundial de 2018. Porque se na base do que até agora apresentou está o título de Campeão Europeu, o que poderá acontecer quando os processos forem apurados e sublimados?!...
No fundo, no fundo, para além de uma saudável visão sobre o futebol que levou Portugal a tão invejada conquista, numa outra coisa Luís Milhano estará carregadinho de razão...
Portugal ficou com a Taça e os "franciús" com a(s) t(r)aça(s)!...
Leoninamente,
Até à próxima
Se se tivesse vislumbrado essa forma de jogar desde início teria sido mais fácil estar de acordo com ela (essa tal forma de jogar...).
ResponderEliminarSe se tivesse, logo de início, usado os jogadores que se acabou por usar, para mostrar essa forma de jogar, teria sido muitíssimo mais fácil estar agora de acordo com ela (essa tal forma de jogar...).
Assim, lamento mas cheira um bocadito a esturro, essa tal forma de jogar ...
Eu até sou gajo para estar de acordo com essa forma de jogar, mas não é depois de ter andado a fazer o que se fez antes e só a começar (essa forma de jogar) lá para o terceiro jogo a doer!! Ganhou-se está ganho! mas a partir daqui era conveniente que a selecção deixasse de ser montra de tretas como se de uma vulgar capa de jornal se tratasse... Lamento mas esquecer como isto começou é pedir que continue a começar da mesma maneira e corrigir à rasca, depois, com os "tapa buracos" do costume, os q não têm direito a capas durante semanas seguidas.
Estou contentíssimo de terem trazido a taça para o lado Tuga, jogando inteligente e pragmático. Lamento mas não me vou esquecer de como isto começou. E começou muito mal.