sexta-feira, 17 de julho de 2015

Rui Jorge e Pauleta, adultos na sala?!...


Rui Jorge e Pauleta?

"Terminou há poucos dias o Campeonato da Europa de sub-21 e fiquei maravilhado com a ética desportiva dos jogadores que serão o futuro do futebol português. Em quase todos os jogos repetiu-se a galhardia, o respeito pelo adversário, pelo árbitro e, naturalmente, pelo público que, por norma, bem o merece.

Junte-se a isso a classe pura da Selecção portuguesa, bem servida em todos os sectores, muito bem "armada", pelos vistos superiormente orientada, e aí estão os condimentos indispensáveis numa modalidade desportiva única e tantas vezes maltratada.

E a pergunta que faço no título que escolhi para esta prosa torna-se inevitável porque coisas destas não surgem por acaso. Trata-se de uma Selecção que venceu TODOS os jogos disputados na fase de apuramento, alguns com grau elevado de dificuldade, culminando com as duas grandes exibições efectuadas no playoff, reduzindo uma Holanda altiva e cheia de certezas a uma manta de retalhos esburacada.

E que agora, na fase final de uma prova importante e que classifica para os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, começou da melhor maneira e conquistou o respeito de muita gente, gente onde me incluo e que gosta tanto de ganhar como de respeitar os princípios do fair play, tantas vezes pela hora da morte...

Cá por mim, sinto que Rui Jorge e Pedro Pauleta, gente que julgo conhecer bem e que considero pessoas de corpo inteiro, são os protagonistas da formação desportiva e ética deste grupo de rapazes de futuro prometedor e presente apaixonante. Bem hajam, desde já. Com um grande segundo lugar viaje-se para o Rio de Janeiro no verão do próximo ano ou, em alternativa, veja-se o futebol olímpico através da televisão."
(António Florêncio, presidente do CNID, Desporto com Valores, in Record)

Longe de mim colocar em causa a boa intenção de António Florêncio. Mas escrever e publicar a sua crónica, dissertando sobre o carácter e as qualidades dos intérpretes do protagonismo da formação desportiva e ética da nossa selecção - leia-se de Pedro Pauleta e Rui Jorge -, largos dias depois de virem a público os tristes acontecimentos que envolveram as lesões de Wiiliam Carvalho e Bernardo Silva, soa-me a hipócrita e deslocada bajulação. A menos que não conheça a gente que "julga conhecer bem", ou então que ande perigosamente distraído.

Para que António Florêncio ou alguém por ele, possa ter a possibilidade de ser confrontado com um justo e esclarecedor contraditório, aqui vos deixo a imagem e o pensamento de alguém com uma concepção de mundo mais justa e "pour cause" menos permissiva:



Adultos na sala


"Já se sabe como e quando se fez a fractura de William de Carvalho ao serviço da Selecção sub-21. E não foi a Federação que descobriu e informou. Também já se sabe que William se queixou de dores. Até se sabe que foi examinado mas não lhe fizeram uma ressonância magnética, que detectaria a lesão. Sabe-se que jogou com dores até ao fim do campeonato. Como jogador empenhado que é, e sabendo que poderia ser, como foi, o melhor jogador na competição, é provável que William tenha contribuído para esta imprudência. Mas é também para isso que lá estão os médicos. E estes, para além de terem deixado andar, mandaram William para férias garantindo-lhe, sem qualquer esforço para estarem seguros disso, que estava tudo bem.

É difícil acreditar na boa-fé da FPF. Perante a detecção da lesão, todo o comportamento da Federação foi o de tentar desresponsabilizar-se, através de um infantil jogo de palavras. William nunca teria apresentado "queixas incapacitantes" e o director da Selecção nunca soubera de nada. Assim, ficavam de fora as queixas que William terá mesmo transmitido ao pessoal médico. Sim, elas não eram incapacitantes. Tanto, que jogou, e bem, até ao fim da competição. A incapacidade, essa, sobrou para os outros.

O Sporting não terá um dos seus principais jogadores na Supertaça, no play-off de acesso aos grupos da Liga dos Campões, na primeira (e talvez segunda) jornada daquela competição e provavelmente nas oito primeiras jornada do campeonato nacional. Num futebol que move milhões mas onde as coisas se continuam a fazer como se fosse tudo a brincar, não se podem comprar todas as guerras ao mesmo tempo. Resta por isso lamentar que, no momento de cada um assumir as suas responsabilidades, faltem, como dizia a outra, adultos na sala."
(Daniel Oliveira, Verde na Bola, in Record)


E agora? Quem se mostra disposto a seguir até ao fim do mundo os conceitos éticos de António Florêncio, fechando os olhos às nódoas que em tão bom pano Pedro Pauleta e Rui Jorge deixaram cair?!...

E quem estará disposto a reprimir o aplauso que Daniel Oliveira merece?!...

Se as forças terminarem empatadas, o meu voto será de qualidade! E sei que não precisarei de dizer aos meus leitores qual será!...

Leoninamente,
Até à próxima

2 comentários:

  1. Meu amigo Álamo, não creio que seja necessário desempatar, porque estou certo que não só os sportinguistas, concordarão facilmente com a ideia de que houve da parte dos responsáveis (todos eles, cada um com a sua responsabilidade própria...), grande culpas na situação criada em primeiro lugar ao William e por arrasto ao Sporting...
    "Estou mesmo a ver"...:

    William...: "doutor, doi-me aqui, especialmente quando forço..."
    e diz o doutor...: "Vá lá...deixa-te de queixinhas...isso passa durante o jogo...olha vais tomar estes comprimidos...e não se fala mais nisso..."...

    A verdade é que o William vai ficar no estaleiro durante 3 ou 4 meses...

    E o Sporting acabará por ter grandes prejuizos desportivos e será obrigado a gastos desnecessários para ultrapassar um problema ...que outros "descansadamente" lhe criaram...

    Abr e SL

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  2. Caro amigo, também estou do lado do Daniel Oliveira como não podia deixar de ser!
    Além de ser uma situação muito complicada, porque se as coisas nos começam a correr mal, vamos começar a pensar "e se ele estivesse cá?"... os dois atletas em questão, principalmente, não mereciam tanto facilitismo!
    Brincando um pouco com assuntos sérios... um dia destes os "pais" começam a não deixar os "filhos" ir ao "campo de férias" com tantas mazelas que trazem no regresso. Alguém que lembre aos "monitores" que é uma grande responsabilidade que os "pais" lhes delegam e que eles não estão de "férias". Estão lá para zelar pela segurança de quem livremente deixa os "filhos" gozar de tamanha "prenda" depois de uma ano "escolar" esforçado. É claro que os "filhos" adoram estes momentos em que podem trazer "prémios" que nos enchem de orgulho. Embora os "pais" não cumpram o seu papel, vendo que os "filhos" não estão bem entregues e mesmo assim continuam a mandá-los para o "campo de férias". Porque lá a mentalidade dos monitores é só ganhar "uns cobres" no verão a tomar conta dos "filhos" dos outros...
    Grande abraço. SL
    Basco "O Leão"

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