"Em menos de dois anos, depois de vencer as eleições para a presidência do Sporting, Bruno de Carvalho (BdC) transforma-se num dos maiores protagonistas do futebol português. Esta semana, na sequência de diversas intervenções públicas, voltou a estar em foco e, na actualidade, utiliza os meios de comunicação social (próprios e outros) como ninguém. Utiliza bem ou utiliza mal? – é uma das muitas perguntas que ora se colocam.
É bom de ver que BdC não chega à presidência do Sporting por acaso. Chega, como dizer?, por obstinação pessoal e “sportinguismo militante”. Ao contrário de outros presidentes, que chegaram ao mais alto cadeirão de Alvalade através de máquinas poderosas, BdC chega por mérito próprio e por demérito dos seus antecessores, que não conseguiram travar uma certa dinâmica destrutiva que se apoderou do Sporting no pós-Cintra. O “mérito próprio” resulta da leitura atempada de que era necessário estugar o passo de uma casta notável de dirigentes que, não obstante alguns exemplos de boa vontade, estavam a dar cabo do clube e da sua história. Preto no branco: era necessário e, se não tivesse surgido uma via alternativa, estaríamos provavelmente perante um caso de chocante insolvência.
As nuvens negras não desapareceram por milagre do céu de Alvalade, porque défices crónicos, em ambiente de crise, não se resolvem com um estalar de dedos, e, por isso, não obstante uma liderança nos antípodas daquelas que vinham sendo patrocinadas e alavancadas pelo BES, o Sporting, enquanto instituição desportiva e como “grande empresa” que é, não está livre de perigo.
Nos primeiros meses da presidência de BdC dominou a expectativa. A expectativa sportinguista externa, a expectativa sportinguista interna e a expectativa externa em geral. Nestas condições, não se pode desprezar a dimensão do desafio para o qual concorreu um jovem (agora com 42 anos) sem importantes credenciais no domínio da gestão. Havia quem achasse que ele se iria espalhar na primeira curva, e nessa linha estavam todos aqueles que, directa ou indirectamente, sabiam que lhes iam ser assacadas responsabilidades; havia os que lhe davam o benefício da dúvida; e havia ainda aqueles que, escondidos atrás da árvore mas sem se manifestarem, aguardavam o despiste, a qualquer momento, numa poça de óleo mais escorregadia.
A verdade é que BdC, para surpresa quase geral, passou a fase da turbulência. Acontece, porém, que os últimos tempos têm sido demasiado agitados e o presidente do Sporting parece revelar uma especial vocação para estar na crista da onda. Gosta de protagonismo e começa a dar sinais de que não consegue gerir, com equilíbrio, os tempos de intervenção pública. Dir-se-á que é o tempo de impor um estilo e um conjunto de ideias distintivas das que vinham sendo veiculadas por uma certa “intelligentsia” leonina.
Esse tempo está a ser ultrapassado, porque uma coisa é o verbo no momento certo, com consciência do peso de uma representação institucional; outra coisa é o verbo utilizado como se fosse chefe de uma claque. BdC não pode nem deve cair nesse registo, sob pena de acordar todos aqueles que se viram obrigados a um sono mais profundo. Porque a sensação que está a colher-se, interna e externamente, é que o presidente do Sporting bate em tudo o que mexe e compra “guerras” que poderiam ser evitadas. É o FC Porto (sempre), é o Benfica (às vezes), são os fundos (e os russos?!), é a comunicação social (a generalização não é boa), são as direcções anteriores, os empresários e até jogadores que foram (e são) grandes glórias do Sporting.
Não posso renegar tudo aquilo que tenho defendido nos últimos anos, em nome da salvaguarda da verdade desportiva. Tenho dito e repisado que o futebol português necessita de se livrar dos seus tiques feudalistas e, agora, virais que transformaram a oligarquia da bola indígena numa espécie de feudalismo tecnológico, a partir da qual as visões oficiais dos clubes são transformadas (e a circular muito rapidamente) em doses gigantescas de propaganda, alimentadas por “tribos cibernéticas” que ajudam a impedir o mais pequeno exercício de racionalização em redor de qualquer aspecto que diga respeito ao futebol.
Não posso ainda renegar que algumas ideias e propostas por BdC são boas e necessárias. Ideias e propostas que, em Portugal, ninguém quer discutir. Por isso, compreendo que, em vez de se juntar aos comensais da Bairrada, prontos a devorar o leitão acompanhado de hipocrisias várias – os chamados miúdos do leitão –, tenha ido a Londres tomar um chá. Um chá que se recomenda e que está a fazer falta ao futebol em Portugal...".
É bom de ver que BdC não chega à presidência do Sporting por acaso. Chega, como dizer?, por obstinação pessoal e “sportinguismo militante”. Ao contrário de outros presidentes, que chegaram ao mais alto cadeirão de Alvalade através de máquinas poderosas, BdC chega por mérito próprio e por demérito dos seus antecessores, que não conseguiram travar uma certa dinâmica destrutiva que se apoderou do Sporting no pós-Cintra. O “mérito próprio” resulta da leitura atempada de que era necessário estugar o passo de uma casta notável de dirigentes que, não obstante alguns exemplos de boa vontade, estavam a dar cabo do clube e da sua história. Preto no branco: era necessário e, se não tivesse surgido uma via alternativa, estaríamos provavelmente perante um caso de chocante insolvência.
As nuvens negras não desapareceram por milagre do céu de Alvalade, porque défices crónicos, em ambiente de crise, não se resolvem com um estalar de dedos, e, por isso, não obstante uma liderança nos antípodas daquelas que vinham sendo patrocinadas e alavancadas pelo BES, o Sporting, enquanto instituição desportiva e como “grande empresa” que é, não está livre de perigo.
Nos primeiros meses da presidência de BdC dominou a expectativa. A expectativa sportinguista externa, a expectativa sportinguista interna e a expectativa externa em geral. Nestas condições, não se pode desprezar a dimensão do desafio para o qual concorreu um jovem (agora com 42 anos) sem importantes credenciais no domínio da gestão. Havia quem achasse que ele se iria espalhar na primeira curva, e nessa linha estavam todos aqueles que, directa ou indirectamente, sabiam que lhes iam ser assacadas responsabilidades; havia os que lhe davam o benefício da dúvida; e havia ainda aqueles que, escondidos atrás da árvore mas sem se manifestarem, aguardavam o despiste, a qualquer momento, numa poça de óleo mais escorregadia.
A verdade é que BdC, para surpresa quase geral, passou a fase da turbulência. Acontece, porém, que os últimos tempos têm sido demasiado agitados e o presidente do Sporting parece revelar uma especial vocação para estar na crista da onda. Gosta de protagonismo e começa a dar sinais de que não consegue gerir, com equilíbrio, os tempos de intervenção pública. Dir-se-á que é o tempo de impor um estilo e um conjunto de ideias distintivas das que vinham sendo veiculadas por uma certa “intelligentsia” leonina.
Esse tempo está a ser ultrapassado, porque uma coisa é o verbo no momento certo, com consciência do peso de uma representação institucional; outra coisa é o verbo utilizado como se fosse chefe de uma claque. BdC não pode nem deve cair nesse registo, sob pena de acordar todos aqueles que se viram obrigados a um sono mais profundo. Porque a sensação que está a colher-se, interna e externamente, é que o presidente do Sporting bate em tudo o que mexe e compra “guerras” que poderiam ser evitadas. É o FC Porto (sempre), é o Benfica (às vezes), são os fundos (e os russos?!), é a comunicação social (a generalização não é boa), são as direcções anteriores, os empresários e até jogadores que foram (e são) grandes glórias do Sporting.
Não posso renegar tudo aquilo que tenho defendido nos últimos anos, em nome da salvaguarda da verdade desportiva. Tenho dito e repisado que o futebol português necessita de se livrar dos seus tiques feudalistas e, agora, virais que transformaram a oligarquia da bola indígena numa espécie de feudalismo tecnológico, a partir da qual as visões oficiais dos clubes são transformadas (e a circular muito rapidamente) em doses gigantescas de propaganda, alimentadas por “tribos cibernéticas” que ajudam a impedir o mais pequeno exercício de racionalização em redor de qualquer aspecto que diga respeito ao futebol.
Não posso ainda renegar que algumas ideias e propostas por BdC são boas e necessárias. Ideias e propostas que, em Portugal, ninguém quer discutir. Por isso, compreendo que, em vez de se juntar aos comensais da Bairrada, prontos a devorar o leitão acompanhado de hipocrisias várias – os chamados miúdos do leitão –, tenha ido a Londres tomar um chá. Um chá que se recomenda e que está a fazer falta ao futebol em Portugal...".
Obviamente (com alguns exageros à mistura...), BC está no bom caminho, ou seja...na demonstração daquilo que o futebol português há muito dispensava...: a hipocrisia que continua a ditar leis...
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Obviamente que a questão fulcral será aquilo que o amigo Max coloca exactamente entre parêntesis! Porque sobre o restante, a demonstração estará feita e o aplauso é generalizado! Mas o diabo dos parêntesis, continuam a cada passo, a "borrar a pintura"! E ninguém, mais do que eu, o lamenta...
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