quarta-feira, 19 de fevereiro de 2025

Subscrevo com convicção!!!...


Pinto da Costa: a visão de um sportinguista

«1. Desde logo recuso-me a alinhar nas análises tremendistas, de um sucesso assente em jogos de bastidores, manipulações e intimidações. Independentemente de ter descoberto, primeiro que os outros, as vantagens de controlar internamente o associativismo, a disciplina e a arbitragem, essa visão é curta, sobretudo tendo em conta os sucessos europeus do Porto, onde a fruta que circula esteve e está fora do alcance das equipas portuguesas.

2. Pinto da Costa teve o mérito de encontrar o discurso certo no momento certo. A tecla do orgulho regional versus centralismo, empolgou muita gente, misturou muita retórica e pegou num país, na altura, ainda complexado por traumas de centralismo colonial. Muitos pontos marcou o Porto, à conta dessa narrativa de vitimização, onda que cavalgou até onde o deixaram.

3. O grande lapso estratégico de Pinto da Costa foi não ter percebido que, após o sucesso, o discurso da região versus nação, já não servia os interesses do clube, outrossim reduzia-o a uma dimensão menor quando podia aspirar a outros voos. Com os triunfos que alcançou, o Porto podia e devia capitalizar mais, crescer no afecto dos portugueses, mas para isso precisava de um discurso de coesão e unidade, que nunca conseguiu verbalizar.

4. O Benfica ganhou a liderança com a campanha europeia de sessenta; o Porto, que teve idêntico sucesso, não logrou projectar-se da mesma maneira, prisioneiro do seu discurso fraccionista, da obsessão regionalista, de um provincianismo que o levou a extremos ridículos de se refundar só para ser mais antigo que a concorrência, ou inventar um símbolo animal, só porque os outros o tinham também.

5. O Porto não soube, sob a égide de Pinto da Costa, ser grande, quando tinha todas as condições para lá chegar. Continuou a bramar contra o Terreiro do Paço, sem perceber que o novo centro do poder era a então varanda da Cãmara nos Aliados.

6. O Porto de Pinto da Costa, nunca respeitou o Sporting, obcecado que estava em partilhar com o Benfica de Vieira o pais desportivo, numa análise muito em voga que não havia espaço para três. Tirando trocas episódicas de jogadores, o Sporting foi sempre um dos inimigos que o Porto elegia com alvo dentro e fora de campo, sem perceber que a partir dos anos oitenta, o Sporting não pesava grande coisa nas instâncias desportivas e era mais vítima – também de si próprio – do que beneficiário.

7. O fosso foi-se assim cavando ao longo dos tempos, ampliado por valores cada vez mais distantes, atingindo crispações nunca vistas, quando Pinto da Costa percebeu que tinha na actual administração do Sporting um corpo insubmisso, sem telhados de vidro e com propósito regeneradores, que não lhe convinham mesmo nada.

8. Tenho dito várias vezes que ainda está por definir o legado de Pinto da Costa, ou seja, a forma com a história o vai olhar. O seu percurso lembra-me todos aqueles políticos que não sabem sair a tempo e trocam a obra pela glória.

9. Neste contexto, o que mais me espanta, foi a contradição entre o amor acrisolado que Pinto da Costa anunciava pelo clube, e a sede com que foi ao pote, contribuindo por acção e omissão, para esta presente situação de penúria. Condestável, para já, beatificado pelo tão nacional sentimentalismo fúnebre, vilão à condição, em função do que sair do resto da auditoria e da operação prolongamento.

10. Pinto da Costa não figura no Livro de Honra do Sporting, porque, em rigor, os caminhos foram sempre separados. Para aqueles moralistas que apontam o dedo a um Sporting de rancores, eu diria, que é tudo e cada vez mais, uma questão de valores. Eu sei que escandaliza os brandos costumes lusitanos, mas há coisas com que não deve transigir.

11. Pinto da Costa não merece o respeito do Sporting, tão simples quanto isso.»

Subscrevo com convicção!!!...

Leoninamente,
Até à próxima

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