terça-feira, 19 de dezembro de 2023

VAR ou "VARgonha"???!!!...


Que morra o VAR

«A introdução do Video Assistant Referee (VAR) representou um passo firme rumo a um futebol mais imune ao poder financeiro dos seus intervenientes e amigo da verdade desportiva.

Vale a pena recordar que o tremendo atraso na sua adopção não foi mera aleatoriedade, mas antes se deveu à burocracia - nunca desinteressada - que sempre teima em emperrar os carrilhões desta indústria, desafinando a sinfonia das quatro-linhas e sobrepondo-lhe o ruído de outras mais obscuras melodias.

Vencida a inércia, dir-se-ia que o VAR tinha caminho aberto para fazer caminho.

Como em toda a inovação, foi pedido que se desse tempo ao tempo. Narizes torceram-se como era de esperar, até porque face ao novo, nenhuma desconfiança é novidade.

Inicialmente, por manifesta falta de hábito de protagonistas e aficionados, plasmada nas hesitações após a marcação dos golos, pelo desconhecimento generalizado sobre geometria e erros de perspectiva, pela iliteracia face às próprias regras e recomendações do jogo e, por fim, mas não menos importante, pelas perplexidades inerentes ao recém-criado protocolo do tecnológico assistente.

Hoje, o VAR está - por várias ordens de razão - capturado pela mais desdenhosa habilidade humana. Antes de mais porque, aquilo que foi concebido como mecanismo auxiliar, se transformou numa fonte de decisão primordial que, sobrepondo-se a prevalência da decisão em campo pelo arbitro principal interfere, excessivamente, servindo de instrumento para camuflar erros flagrantes.

Em segundo, porque a manipulação objectiva das omissões do seu livro de regras permite que um assistente – comodamente instalado, longe da ribalta e munido de dezenas de ecrãs – possa, pelo seu mero silêncio ou pelo abuso interpretativo induzir o erro na decisão do árbitro principal.

Por fim, porque a dualidade de aplicação do famigerado protocolo tem serviço para tudo e – como ficou provado entre o Afonso Henriques e Alvalade – ditar com as mesmas regras diferentes sentenças.

Volvidos anos de implementação, e à luz do que se tem assistido em todo o mundo, apenas resta uma forma de defender o VAR: declarar o óbito da versão primordial e fazer nascer – em seu lugar - melhorada e mais transparente descendente. Por vezes, é preciso morrer para nascer de novo. O VAR tem – imperativamente - de mudar de vida.»

VAR ou "VARgonha"???!!!...

Leoninamente,
Até à próxima

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