A Lex do futebol no bando dos réus
«O início do julgamento do processo Lex desperta a memória do que foi aquele tempo e do simbolismo que comporta para o Benfica.
Este processo concentra tudo o que um clube não deve querer ver associado à sua imagem pública e à sua posição na sociedade. Não só porque o seu ex-presidente Luís Filipe Vieira está sentado no banco dos réus, também por todos e tudo o que não está lá e marcou uma época.
O que é grave nesse processo já sabemos e nem precisamos do julgamento para lá chegar. Nunca a justiça portuguesa conheceu tamanha concretização da imagem da árvore envenenada na administração da justiça.
Uma justiça que admite falsear a distribuição de processos a juízes amigos ou permeáveis, ao mais alto nível; que deixa criar um mercado de influência no próprio regaço, tendo o seu poder como matéria-prima; que é adulterada pela violação quase sistémica do princípio do juiz natural; também pela mercantilização e falsificação autoral de acórdãos, não é própria de um Estado de Direito. Envenena tudo à volta. E é isso o mais importante que está a ser julgado.
Mas também está a instrumentalização do Benfica em processos políticos e financeiros espúrios, como foi a gestão do clube na relação que Luís Filipe Vieira teve com um vasto grupo de ‘influencers’, de Sócrates a Salgado. Também está a banalização da distribuição de bilhetes e prendas, como viagens ao estrangeiro com a equipa, nas competições europeias, como forma de criar mecanismos de permeabilidade em alguns sectores judiciais.
Neste particular, diga-se, existia toda uma prática, há décadas, sobretudo no Benfica e no FC Porto, expoentes do rotativismo triunfante ao longo dos famosos 40 anos, envolvendo gente das duas magistraturas, que faz corar de vergonha qualquer pessoa decente.
Também está a forma como magistrados, em particular Rui Rangel, se deixaram transformar em marionetas de candidaturas ao controlo do clube por interesses financeiros que pagavam essas extravagâncias curriculares. Está a ser julgado, afinal, um mundo assente no mercadejar sistémico com cargos da maior relevância social, com funções que devem ser respeitadas precisamente porque a sua obrigação é a de assegurar um tratamento igual entre todos os portugueses, como é o caso da justiça. E é esse ‘sistema’, aqui simbolizado no Benfica, que atravessou o futebol português durante décadas que está, em parte, naquele banco de réus.»
Cheira mal do outro lado da nossa rua!!!...
Leoninamente,
Até à próxima
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