quarta-feira, 3 de setembro de 2025

Não, não tinha de ser assim!!!...


O Pano e a Nódoa

«A tautologia é um dos recursos retóricos mais eficientes para escapar de assunto incómodo, de forma aparentemente fatalística. Quem lhe recorre formula uma declaração lógica verdadeira, porém redundante ou, como diria Wittgenstein, “onde nada há para dizer, repete-se o óbvio”.

Através dela podemos constatar que “um triângulo tem três lados”, “que se não ganharmos, não ganhamos”, que “se nos acontecer, aconteceu” ou, até, que o colapso abrupto e até agora indecifrável da transferência de Jota Silva, em cima do fecho de mercado, “é o que é".

Não é; não disfarcemos o assunto. Aconteceu o que não podia ter acontecido.

Não numa estrutura ultra profissionalizada e com provas dadas, que soube substituir Hugo Viana atempadamente e permitiu aos seus sucessores tempo de adaptação, planeamento e ação.

Nunca no atual bicampeão nacional, que – pelo que desse estatuto decorre – viu aumentar substancialmente as suas receitas de bilheteira e merchandising, garantiu prémios de Champions de forma antecipadíssima, dando tempo e previsibilidade na abordagem ao mercado.

E menos ainda porque, ao contrário do Sporting, que somou uns astronómicos 129 milhões em vendas – o maior encaixe de sempre numa só janela –, aos quais ainda poderão acrescer 15 em objetivos –, as águias (97 M€) e os dragões (78 M€) venderam menos do que compraram. Além disso, num contraste ainda mais gritante, Benfica (106 M€) e Porto (94 M€) investiram significativamente mais do que o Sporting (69 M€).

Tão-pouco podia ter sucedido depois de nos termos afunilado no ataque a alvos inatingíveis, como sejam Yeremay Hernández ou Kevin, cujas propostas ou intenções, na ordem dos 35-40 milhões de euros, se tornaram públicas e geraram elevadíssimas expectativas.

E, sobretudo, nunca, jamais, em tempo algum, podia cair o pano do mercado num cenário em que o Sporting deixa por utilizar, sem aparente necessidade, um saldo de transferências superior a 60 M€, no exacto ano em que tem a possibilidade de conquistar um tricampeonato que constituiria um marco geracional eterno.

Não me interpretem mal, que nem tudo é desconchavado. As aquisições dos internacionais Vagiannidis, Fotis Ioannidis, 'Kocho' e Suárez constituem a prova de que a planificação foi feita e a execução correu, até certo ponto, bem. Mas se a ausência de um grande vulto no ano da saída de Gyökeres já parecia estranha, o volte-face com o extremo português cavou fundo no coração do universo leonino.

Tanto mais que o negócio, com envolvimento directo e mérito negocial do presidente Frederico Varandas, nos moldes em que era apresentado – sem obrigatoriedade de compra – se afigurava como uma excelente operação.

O crédito da actual direcção é muito, mas não é infinito e é nosso papel manter uma exigência leal. Quanto ao resto, cá estaremos a apoiar os que estão. Na certeza de que foi como foi, mas não tinha que ter sido assim.

Não, não tinha de ser assim!!!...

Leoninamente,
Até à próxima


Sem comentários:

Enviar um comentário