A associação
«A Associação Nacional de Treinadores de Futebol (ANTF) é, na letra dos seus próprios estatutos, a organização sindical dos treinadores de futebol que exerçam a sua actividade em Portugal e que nela livremente se associem.
Uma corporação sindical legítima, juridicamente respeitadora do ordenamento jurídico português, que conta com alguma boa gente da bola nos seus órgãos sociais e que, nas palavras do presidente da sua comissão executiva, ipsis verbis, postula que "as regalias levam uma eternidade para se alcançar e desaparecem ao virar da esquina".
Numa breve visita ao seu site, que serve de fonte bibliográfica ao presente artigo, o sindicato disponibiliza aos seus afiliados alertas, informação técnica, aconselhamento jurídico e uma valiosa plataforma de denúncia da corrupção, que merece aplauso e comprova que, quando quer, a ANTF tem a capacidade de ser útil e valorosa.
Na era do futebol-indústria – é muito para além do futebol – o papel dos sindicatos será tão importante quanto moderna seja a sua agenda. Como tal, emocionar-me-ei a cada posição clara e corajosa contra a sobreposição do lucro cego face ao bem-estar de jogadores, árbitros e equipas técnicas.
Ademais, sendo natural que o movimento sindical concentre esforços na promoção e defesa dos direitos laborais dos agentes desportivos, pode e deve também sensibilizar para as malfeitorias das redes de tráfico humano associadas ao fenómeno desportivo, aos perigos do sector das apostas, à violência no desporto em geral, e ao racismo em particular.
Porém, e há sempre um porém, independentemente da justiça substantiva do juízo, os momentos de maior afirmação da associação-sindicato têm sido as denúncias de treinadores, cujas habilitações não seguem em pleno a tramitação legal prevista.
Foi assim, em 2020, aquando da famosa queixinha sobre o agora super-Amorim e assim voltou a ser, com a mais recente delação de João Pereira. Ambos ex-atletas internacionais, campeões nacionais, com mais de 30 anos de experiência em relvados nacionais e internacionais e com percursos formativos em curso.
Ilustremos o caricato para que melhor se perceba: Julian Nagelsmann estreou-se como treinador principal aos 28 anos, André Villas-Boas com 32 primaveras e Pepe acabou a carreira de jogador com uns lindíssimos 41. Cumpridas todas as regras, por vontade do sindicato, talvez lá para os 45 se possa estrear como treinador do Futebol Clube do Porto.
Sem desprimor, talvez fosse melhor a ANTF analisar as causas do problema, ao invés de se queixar das consequências. Afinal de contas, apenas quem representa bem, pode aspirar a representar mais.»
Alô Zé, larga mas é o bombo e cuida-te!...
Leoninamente,
Até à próxima