quarta-feira, 13 de novembro de 2013

William Carvalho, é o orgulho do formidável universo leonino!...



Leonardo Jardim está a apetrechá-lo com sentido táctico e a agregar-lhe ciência para esfriar a paixão exacerbada pela glória. Aos 21 anos, é uma figura do Sporting e do futebol português. Não tarda será o novo Yaya Touré do futebol mundial...

1 O médio-centro pode ser estrito, posicional, gerador de equilíbrios e garante da segurança; pode acrescentar à eficácia a mais-valia de uma liderança a partir da qual a equipa desenvolve a sua organização e defende segredos posicionais e de funcionamento; e pode também ser um talento superior disfarçado de funcionário que, jogando à frente da defesa, desempenha papel orientado pelo instinto criativo, assumindo o desígnio de pôr a máquina a funcionar desde zonas mais recuadas. William Carvalho é herdeiro da estirpe que fez evoluir a função e a dignificou nos últimos 30 anos, uma longa dinastia da qual fazem parte, entre outros, Guardiola, Redondo, Paulo Sousa, Xavi, Pirlo e Busquets, figuras marcantes da história do futebol, que jamais aceitaram reduzir-se a meros empregados de limpeza.

2 Ao contrário de outros, que só existem para pôr fim aos intentos agressivos do adversário, William é a génese da construção e de muitas decisões com efeito prático no colectivo. Pode escolher se joga curto ou longo; para trás, para o lado ou para a frente; mais depressa ou mais devagar; seguindo a lógica da circulação criteriosa ou de lançamentos fracturantes para as costas da defesa. Mas falta-lhe agressividade de recuperador e disponibilidade total para sacrificar-se como defesa mais adiantado. Tendo vocação e talento para integrar qualquer grupo de trapezistas, deve entender que, em certas ocasiões, o papel que lhe está destinado é o de rede que ampara o voo dos outros; alguém que, sendo referência da acção defensiva, está obrigado, entre ter e não ter a bola, a fechar com firmeza a porta da grande área.

3 Para quem defende que o futebol começa no médio-centro, William é um projecto fascinante. Como número 6 que tem sido nesta época de afirmação ao mais alto nível em Portugal, beneficia de experiências anteriores como 10 e 8. É um jogador com potencial infinito, que transporta para função eminentemente defensiva, o saber e o raciocínio de quem está habilitado a cumpri-la com imaginação e criatividade. Para início de conversa impôs-se de leão ao peito; para acentuar a esperança de um futuro grandioso, Paulo Bento acaba de convocá-lo para a Selecção Nacional, dando sinal inequívoco de que é ele a primeira alternativa a Miguel Veloso.

4 William percebe a dinâmica do jogo e antecipa boa parte dos acontecimentos em cadeia que lhe estão adjacentes, razão pela qual chega primeiro à bola e intercepta sucessivas linhas de passe. Porque tem alma de artista, nem sempre avalia a importância de uma falta feia ou de um pontapé para a bancada; porque tem elegância e classe a mais para assumir a totalidade do trabalho sujo, revela por vezes défice de vigor, contundência e convicção nos duelos individuais. A experiência funcionará como apelo à sensatez que traz equilíbrio e travará o ímpeto para actos heróicos fora do contexto; Leonardo Jardim está a apetrechá-lo com sentido táctico e a agregar-lhe um toque de ciência para esfriar as paixões mais exacerbadas pela glória. Um dia tudo se conjugará. Aos 21 anos, William é uma figura do Sporting e do futebol português. Não tarda será o novo Yaya Touré do futebol mundial.

De vez em quando acontece uma pedrada no charco do jornalismo português. Aquilo que Rui Dias escreveu e hoje aparece publicado no jornal Record, merece ser lido e interiorizado por todos os sportinguistas em particular e por todos os amantes do futebol em geral.

Tudo começou em Leonardo Jardim, sem que não venha agora ao caso perguntar porquê. William Carvalho sempre esteve ali, na Academia. E foi obrigado a emigrar porque terá faltado o talento e a visão para começar bem mais cedo a lapidação do diamante a que Jardim meteu ombros, sem hesitações, sem pruridos, sem receio de críticas ou afrontamentos de "status" herdados.

Desde o começo da época que os adeptos leoninos, depois da surpresa inicial, se aperceberam deste "novo William Carvalho" que Leonardo Jardim "impôs" na equipa principal do Sporting Clube de Portugal. E foi preciso Bruno de Carvalho dizer um dia "que quando fosse seleccionado pela primeira vez, nunca mais sairia da selecção". Paulo Bento, mesmo tendo de engolir um sapo vivo, foi obrigado a convocá-lo. E aí está ele, absolutamente consciente de todas as dificuldades e mistérios do "novo mundo" onde acaba de entrar: "... É um sonho concretizado. Quero ser mais um a ajudar a equipa, fui bem recebido e já me sinto em casa[...] Não me cabe a mim escolher, venho apenas para treinar e dar o meu melhor...".

William Carvalho não é um produto da promoção de uma imprensa em absoluto subvertida a interesses estranhos e condenáveis. É o resultado da excelência da Academia Sporting, a melhor do país. É o resultado da competência e visão de Leonardo Jardim. É o orgulho de todo o formidável universo leonino !...

Leoninamente,
Até à próxima

6 comentários:

  1. Espero que jogue na sexta e consiga mostrar a sua já tão elevada categoria...!!

    Confesso que às vezes (perante a sua calma...) me deixa nervoso....!!

    Desejo que pelo menos ainda o possamos ver crescer pelo menos durante mais duas/três épocas o Sporting...depois ...
    Quando tiver de sair face à sua categoria...que ele faça um bom contrato e que nós façamos um óptimo negócio...!!

    Frça William...!!

    Sporting Sempre...!!

    SL

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    1. Nem mais, amigo Max. No mínimo mais duas épocas. Depois que dê asas aos seus sonhos e deixe o Sporting melhor de uma costela! E que seja feliz, porque o merece. O Sporting nunca cortou as pernas a ninguém...

      SL

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  2. Peço desculpa ao amigo Álamo, mas achei esta noticia interessante...
    Aconetece que eu estava com uma gripe com 40 graus de febre e ouvi o relato na cama...com uma dor de cabeça do tamanho da goleada...
    in ionline.pt
    Sporting. A maior goleada quea Europa já viu faz 50 anos
    Massacre ao Apoel (16-1) para a Taça das Taças foi a 13 de Novembro de 1963. Mascarenhas marcou seis

    Domingo, 30 de Junho de 1963. O Jamor recebia Sporting e Vitória de Guimarães para decidir a festa da Taça. Nas meias--finais, os leões bateram o eterno rival, numa eliminatória que até começou mal, com um 0-1 (José Águas) em Alvalade, mas um bis de Figueiredo na Luz (2-0) carimbou o passaporte para a final. Na hora da verdade, a equipa comandada por Juca atropelou os vimaranenses com um 4-0, com golos de Figueiredo (outro bis), Lúcio e Mascarenhas.
    A sexta Taça de Portugal do palmarés leonino permitiu a estreia na Taça das Taças na época 1963/64, campanha que ficaria para sempre num cantinho da memória dos sportinguistas. A primeira ronda ditou um Sporting-Atalanta, que ficaria apenas resolvido num terceiro jogo de desempate em Barcelona (3-1), depois de um 3-3 no conjunto dos dois jogos (0-2 em Bérgamo e 3-1 em Alvalade - não existia a regra dos golos fora).
    Seguia-se o Apoel e o mote para um artigo 50 anos depois. Os cipriotas não tinham recursos financeiros para se deslocar a Lisboa e aceitaram a proposta do Sporting: as duas partidas seriam disputadas em Alvalade e a equipa de Chipre teria as deslocações pagas. Dito e feito. No dia 13 de Novembro de 1963, a capital portuguesa foi palco da maior avalancha de golos que a Europa já viu: Sporting 16, Apoel um. Um golo a cada 5,3 minutos, upa upa! Vamos lá aos marcadores que ficaram para a eternidade: Mascarenhas (6), Figueiredo (3), Ferreira Pinto (2), Augusto (2), José Pérides, Louro e Mário Lino. O YouTube permite reviver o que foi esse pedaço de história e ficam claras as fragilidades do Apoel, que tinha 11 jogadores perplexos e bloqueados a ver o bailado do leão. Mas sejamos justos: quantas vezes dizemos isso quando vemos o tiqui-taca do Barcelona? - na segunda mão ficou 2-0 (Augusto e Mascarenhas).

    O sorteio empurrou então para o caminho o Manchester United de Bobby Charlton, George Best e Denis Law. A primeira mão foi um desastre: 1-4 em Old Trafford, com três golos de Law (dois penáltis, um deles a resultar em valentes empurrões dos portugueses ao árbitro) e um de Bobby Charlton.

    O Estádio de Alvalade teria de presenciar uma espécie de milagre para as meias-finais não passarem de uma fantasia. E foi o que aconteceu. Aos 11', Osvaldo Silva já tinha bisado, ele que muitos anos mais tarde seria o primeiro treinador de Cristiano Ronaldo no Sporting. Depois foi a vez de Géo e Morais igualarem a eliminatória. Afinal era possível... Com muito para jogar (54'), Osvaldo Silva completou o hat-trick e resolveu o assunto. O United de Matt Busby, que quatro anos depois seria campeão europeu à custa do Benfica (1-1; 4-1 a.p.), curvou-se perante a força deste "ciclone de Alvalade", como lhe chamou um locutor da BBC.

    Depois de duas eliminatórias épicas, novo susto: necessidade de um jogo de desempate com o Lyon nas meias-finais após um 0-0 e 1-1. Foi em Madrid e o herói era antigo: Osvaldo Silva (1-0).
    A final da Taça das Taças foi disputada na Bélgica contra os húngaros do MTK. Um 3-3 (Mascarenhas e bis de Figueiredo) ditou uma finalíssima dois dias depois, a 15 de Maio. O jogo que ofereceu o primeiro e único título europeu ao Sporting terminou 1-0 e o marcador foi... bom, deixamos uma cantiga: "O cantinho do Morais foi proeza de espantar. Quem não gostou da gracinha foi o clube magiar. A bolinha entrou directa lá mesmo junto ao cantinho..."

    Sporting Sempre...!!
    SL

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  3. http://youtu.be/fZ0CROB0K2E

    e já agora este é o link para ver os golos...

    O amigo se quiser (porque eu não o saberi fazer) colocará para visionamento directo...

    Abraço

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  4. Também gostei, caro PM. Rui Dias escreve bem e sabe o que diz.

    SL

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