Ainda se agitam bandeiras na comunicação social e petições nas redes sociais, contra o fino humor - alguns exagerarão na espessura do traço! - do Presidente do SCP, sobre a solução óbvia para alguns e não tão transparente para outros, de que a resolução dos problemas do país, passaria pela erradicação do vermelho - alguns não abdicam do encarnado! - da simbólica bandeira da República Portuguesa.
Os portugueses aderentes a tão patrióticas iniciativas, ou perderam o sentido de humor, ou de modo perigosamente irreversível, aprestam-se para confirmar os tratados de Alzheimer. Quanto ao sentido de humor, estamos conversados, perante os protestos de Bocage e dos alentejanos, que há muito entenderam haver muito mais motivos para gargalhar, que passar a vida a zurzi-los só a eles. Quanto à outra possibilidade o caso será bem mais grave.
Ao longo de 48 anos de regime fascista, a que deveremos somar mais quase 40 anos de democracia, não me lembro de alguma vez ter assistido a semelhante campanha, por parte dos amantes da esperança, pelo facto de a cor verde nunca ter sido escolhida para colorir as camisolas da selecção nacional. A cor preferencial dos fascistas foi o vermelho - irónico, não?! - e depois de passarmos a viver democraticamente, até a Fátima Lopes gosta mais de encarnado! Do verde, não me lembro de nenhum estilista que o tivesse preferido1 E esta, hem?!...
Mas se recuarmos na história lusa, surpreender-nos-à o bom gosto do nosso rei D. Pedro II ! Ora reparem na beleza do seu estandarte:
E se avançarmos na História e nos situarmos no ano de 1640, veremos que depois de Miguel de Vasconcelos ser atirado pela janela, terá sido hasteada esta bandeira:
Séculos mais tarde, ultrapassada que foi a fobia e a falta de gosto dos fascistas pelo vermelho, eis que novas aragens felizmente surgiram e assistimos a uma descolonização, bem ou mal feita isso agora não vem ao caso, patrocinada por Altos Comissários para cada uma das colónias em acelerado processo de independência, a mandar hastear nas suas residências esta, incrível e verdadeiramente bela, bandeira:
Ainda os Altos Comissários andavam lá pelas ex-colónias a cumprir Abril, e a "onda verde democrática" prosseguia imparável, com a substituição da caduca, odiada, corrupta e inenarrável "assembleia nacional", por uma pujante e livremente escolhida pelo povo português, Assembleia da República, cuja primeira e digna medida terá sido escolher uma nova bandeira:
E a onda verde estender-se-ia aos arquipélagos dos Açores e da Madeira, para onde, depois de a Assembleia da República ter decidido a sua justa autonomia, foram enviados os respectivos Ministros da República, que nas suas residências passaram a mandar hastear, originais e bonitas bandeiras:
Chegados aqui, apetece perguntar a todos os "patriotas" que até já se arrogaram o direito de pedir a criminalização do Presidente do Sporting Clube de Portugal, pelas palavras proferidas, uma de três coisas:
1 - Que raio de sentido de justiça é o deles, para não promoverem petições para a criminalização dos promotores de todas estas bandeiras, desde o nosso rei D. Pedro II?!
2 - Como deverá ser considerado o desejo do Presidente do Sporting Clube de Portugal, um visionário que apenas pretende que seja prosseguida a linha democrática, progressista e vanguardista, que esteve na origem da escolha de todas estas bandeiras, ou um retrógrado e vulgar "fascistóide" que defende a eternização do vermelho?!
3 - Não precisarão todos aqueles que apontam o argueiro no olho de Bruno de Carvalho, de visitarem o oflamologista para lhes retirar o barrote dos olhos, ou o psiquiatra para lhes expurgar os complexos?!
Talvez seja bem mais fácil adquirir algum, um pouco só que seja, de sentido de humor e continuarmos todos a respeitar profundamente a nossa bandeira. Os timorenses, hoje povo livre e independente, continuam, mesmo depois da sua irreversível conquista, incapazes de pisar... a sombra da bandeira portuguesa, aquela em que o seu compatriota Aleixo morreu embrulhado!...
Não me façam rir, pequenotes vermelhos !...
Leoninamente,
Até à próxima