A glória que resta
«Com Hjulmand escondido dos tubarões na penumbra de Gyökeres, e Pote apagado por uma lesão prolongada, talvez o Sporting consiga manter a coluna vertebral da equipa que conquistou dois campeonatos. Mesmo que Varandas consiga manter também Trincão, a esta estrutura faltará o elemento mais relevante. O super-Gyökeres deve ser dado como perdido, mas Varandas não pode reincidir no erro que o levou a apostar em João Pereira por excesso de rigor economicista. Resvalou para a sovinice.
O barato quase saiu caríssimo. O presidente dos leões deverá ter isso em conta quando aprovar as operações de recomposição do plantel. Parte significativa das verbas obtidas com as vendas – a de Gyökeres, por todas – deve ser aplicada na valorização do plantel.
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AlexTamm 29/1.90/PL/Olimpija Ljubljana/0.5M€ |
Se Gyökeres parte, o Sporting terá de encontrar um substituto, que dificilmente estará à altura do sueco. Mas poderá jogar melhor de cabeça e reter a bola com a eficácia do abono de família actual. Essa aposta talvez até possa ser múltipla: um avançado capaz de reter a bola e com bom jogo de cabeça; outro que alongue o jogo. Rápido, com e sem bola.
Se o Sporting já está financeiramente apto a não colocar todos os ovos no cesto da dívida, então os rivais vão ter um problema grave. Será o Sporting quem parte à frente para o campeonato que lhe poderá dar o ‘tri’. Pote prometeu na euforia do novo título, o que terá de cumprir em campo. A época deverá ser de relançamento da carreira de um raro jogador. Pleno de criatividade e instinto matador. “Vamos ver”, disse em tom de promessa, perante o encantado mar verde.
Para os de Alvalade, vencer a Taça de Portugal será lançar o Benfica numa dolorosa crise. Se for Hjulmand a levantar o troféu, bem pode a máquina de propaganda da Luz tecer loas a Bruno Lage. Os benfiquistas dificilmente perdoarão Rui Costa e um técnico que, caso não vença no Jamor, começará a próxima época na pele de um Schmidt mais extrovertido.
Se Lage lograr a vitória, a luz brilhará de novo. O Benfica poderá lançar a nova campanha com a motivação em alta e Rui Costa bater-se-á por mais um mandato.
Neste grande embate, resta saber o que vai pesar mais. O Benfica precisa de reencontrar a ambição, depois de um jogo cinzento, de onde viu, à distância, o seu rival arrebatar-lhe a alegria, pelo segundo ano seguido. O Sporting precisa de refazer a concentração competitiva, depois da euforia, que ainda não terminou. São tarefas difíceis, de sinal oposto, as de Rui Borges e Bruno Lage no caminho para a glória que resta.»
Leoninamente,
Ae à próxima
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