«Pode uma equipa grande, que ambiciona um tricampeonato, passar a meia-hora final de uma partida a fazer jogo directo para um amontoado de avançados? Pode, mas não deve. Ora foi isso que o Benfica fez no domingo, a jogar, de facto, em casa, contra o Arouca.
Depois de mais uma péssima entrada no jogo, o Benfica recompôs-se e apresentou o melhor futebol desta temporada. Com Pizzi mais apoiado por Samaris, a equipa cresceu, voltou a ter jogo interior consequente e regressou o caudal ofensivo. Foram 25 minutos à Benfica que pré-anunciavam a recuperação do resultado.
A vitória não estava, contudo, garantida. O futebol é imprevisível: uma equipa pode estar a jogar bem, a controlar a partida e, no fim, o resultado pode não ser satisfatório. Mas no futebol, também é sabido, compensa manter a fidelidade a uma determinada ideia de jogo. O que não compensa é suspender essa ideia e, em seu lugar, escolher o recurso dos que não têm mais recursos - o jogo directo e as bolas bombeadas para a área.
Pois foi isso que o Benfica fez na meia-hora final, deitando fora o que estava a fazer bem até aí. A partir de certa altura, com dois postes dentro da área mais uma mão-cheia de alas e avançados, o jogo resumiu-se a cruzamentos longos, condenados ao fracasso, devidamente combinados com dezenas de remates sem critério de meia-distância. Posso estar enganado, mas não conheço na última década uma única equipa que tenha sido ganhadora a jogar assim. Contra o Arouca, pior que a derrota foi o sinal táctico dado naquele último terço da partida. Espero não voltar a ver.»
Depois de mais uma péssima entrada no jogo, o Benfica recompôs-se e apresentou o melhor futebol desta temporada. Com Pizzi mais apoiado por Samaris, a equipa cresceu, voltou a ter jogo interior consequente e regressou o caudal ofensivo. Foram 25 minutos à Benfica que pré-anunciavam a recuperação do resultado.
A vitória não estava, contudo, garantida. O futebol é imprevisível: uma equipa pode estar a jogar bem, a controlar a partida e, no fim, o resultado pode não ser satisfatório. Mas no futebol, também é sabido, compensa manter a fidelidade a uma determinada ideia de jogo. O que não compensa é suspender essa ideia e, em seu lugar, escolher o recurso dos que não têm mais recursos - o jogo directo e as bolas bombeadas para a área.
Pois foi isso que o Benfica fez na meia-hora final, deitando fora o que estava a fazer bem até aí. A partir de certa altura, com dois postes dentro da área mais uma mão-cheia de alas e avançados, o jogo resumiu-se a cruzamentos longos, condenados ao fracasso, devidamente combinados com dezenas de remates sem critério de meia-distância. Posso estar enganado, mas não conheço na última década uma única equipa que tenha sido ganhadora a jogar assim. Contra o Arouca, pior que a derrota foi o sinal táctico dado naquele último terço da partida. Espero não voltar a ver.»
(Pedro Adão e Silva, A luz intensa, in Record)
«As alterações à equipa deixam dúvidas quanto ao futuro. O Benfica não pode perder a possibilidade de se adiantar, não pode ter uma prestação como a de ontem e como as que tem feito.[...]
Estou surpreendido, de certa forma, com o início de campeonato. A forma como a equipa tem jogado faz acreditar que falta olho clínico a Rui Vitória, isto sem querer dizer que não estou de acordo que seja o treinador do Benfica, porque estou de acordo e reconheço qualidades. No entanto, a equipa tem de ter outra conduta dentro de campo. Não pode sofrer golos aos dois minutos e dar a oportunidade ao adversário de ampliar a vantagem. [...]
Não sofrendo golos, não perdes. Isto é fundamental. Primeiro vem a defesa, depois o meio campo. Jogar com muitos avançados confunde a equipa e é um trunfo para o adversário.»
(José Augusto, in O Jogo)Estou surpreendido, de certa forma, com o início de campeonato. A forma como a equipa tem jogado faz acreditar que falta olho clínico a Rui Vitória, isto sem querer dizer que não estou de acordo que seja o treinador do Benfica, porque estou de acordo e reconheço qualidades. No entanto, a equipa tem de ter outra conduta dentro de campo. Não pode sofrer golos aos dois minutos e dar a oportunidade ao adversário de ampliar a vantagem. [...]
Não sofrendo golos, não perdes. Isto é fundamental. Primeiro vem a defesa, depois o meio campo. Jogar com muitos avançados confunde a equipa e é um trunfo para o adversário.»
Afinal Jorge Jesus, pesem embora todas as limitações culturais, comunicacionais e da mais variada índole que por inveja ou ressabiamento lhe pretendam atribuir, é um doutor!...
E como doutorado numa das ciências que à escala planetária mais criaturas, meios, interesses e milhões faz pulsar, disse com o saber bebido na universidade da vida e da competição desportiva que abraçou, depois de saltar o arame farpado do campo de concentração onde julgaram ser possível "exterminá-lo" e quando confrontado se a razão do êxito do clube que até então havia representado estaria ligado à tão auto-incensada e auto-proclamada estrutura, disse, sabiamente: "a estrutura nesse clube era eu e sem cérebro, tudo vai definhar, cabendo apenas ao tempo estabelecer quanto tempo demorará a fenecer tudo aquilo que por lá deixei".
Tão violenta quão terrível premonição, parece ter precisado menos de dois meses a confirmar-se. Pela pena e pela boca de dois dos mais prestigiados e indefectíveis adeptos do clube em causa: um do alto da cátedra a que sua capacidade intelectual o terá guindado, outro do alto do prestígio que um grau de doutoramento em tudo igual ao de Jorge Jesus lhe permitiu granjear.
Tão violenta quão terrível premonição, parece ter precisado menos de dois meses a confirmar-se. Pela pena e pela boca de dois dos mais prestigiados e indefectíveis adeptos do clube em causa: um do alto da cátedra a que sua capacidade intelectual o terá guindado, outro do alto do prestígio que um grau de doutoramento em tudo igual ao de Jorge Jesus lhe permitiu granjear.
Trouxe para aqui e agora, este tão actual e melindroso tema, de modo algum para escarnecer da desorientação e do descalabro que parecem querer tomar conta do vizinho do outro lado da rua - será o lado para onde dormirei melhor. Importante para mim será tão só e apenas lançar um alerta a todos os sportinguistas que vi de beiça caída no último sábado: Jorge Jesus também tem defeitos! E terá um que se sobreporá a todos os muitos que com toda a certeza lhe rechearão o carácter: convive demasiado mal com a ingratidão, nomeadamente daqueles que há pouco mais de um mês o vitoriaram em Alvalade.
Jorge Jesus regressou ao seu e nosso Sporting, para um projecto a prazo. Obviamente que não terá sido apenas o coração a empurrá-lo para tamanha e importante decisão. Mas a hipocrisia não morava no brilho dos seus olhos nessa noite mágica em Alvalade.
Não deve, nem nunca poderá ser o empate de sábado ou qualquer eventual inêxito futuro, mesmo que aconteça daqui a dois dias, a coarctar o projecto a prazo que com determinação e entusiasmo aceitou. Muito menos a ingratidão com a qual todos temos tido oportunidade de constatar nesta recente e surpreendente travessia de rua, conviverá muito mal.
Que todos os sportinguistas saibam compreender o que é um projecto a prazo, apesar da desdita que, embora circunstancialmente, apenas Paulo Bento contrariou! Jorge Jesus precisa de tempo!...
E do nosso reconhecimento, nas derrotas e nos empates, tanto ou mais que nas vitórias!...
Leoninamente,
Até à próxima
Amigo Álamo, adorei o seu texto, é isso mesmo que nós sportinguistas temos de fazer, apoiar o nosso treinador nos bons e nos maus momentos, sobretudo nestes, pq tenho a certeza, que é o melhor treinador actual em Portugal, de mim vai ter todo o apoio, ainda que à distância.....
ResponderEliminarSL
Obrigado amiga Leoa Maria. Penso exactamente o mesmo de JJ, minha amiga. E para além de toda a sua capacidade e valia técnica, é flagrante o grau de compromisso que evidencia para com o Sporting. Mas, infelizmente, não faz milagres. O Sporting terá de enfrentar, obrigatoriamente, momentos menos bons! O futebol é assim mesmo e nunca poderá ser em dois ou três meses que a equipa ganhará a solidez e a mecanização que lhe garantam uma maior probabilidade de vitórias. E foi doloroso olhar no sábado para certas beiças leoninas, que julgam que num estalar de dedos tudo se consegue!...
EliminarMas cá continuaremos na nossa luta, incentivando e alertando para os naturais "desfalecimentos"...
Abraço e SL